A técnica utiliza microcâmeras, pinças e bisturis que penetram no interior do paciente por meio de pequenas incisões.
A Santa Casa de Maceió realizou mais de 800 procedimentos em cirurgia torácica somente em 2013, sendo que 70% delas com o auxílio do videotoracoscopia. A técnica utiliza microcâmeras, pinças e bisturis que penetram no interior do paciente por meio de pequenas incisões.
Guiado pela imagem transmitida para o monitor em alta definição (HD), o médico realiza diversos procedimentos como, por exemplo, a ressecção (corte e retirada) de tumores ou de partes de órgãos afetados, como nos casos de câncer de pulmão.
Agora, como explicar o crescimento deste tipo de cirurgia em hospitais de todo o mundo? Quem responde é o cirurgião torácico Wander M. Cardoso, que integra a equipe de cirurgiões torácicos da Santa Casa de Maceió. Ele elencou diversas vantagens para pacientes, médicos, hospitais e operadoras de saúde.
"A alta médica precoce, a ágil recuperação do paciente no pós-operatório e seu rápido retorno às atividades normais são as principais vantagens para o paciente. Esteticamente, outro ponto a favor é a discreta cicatriz deixada pelo corte cirúrgico. Se antes os cortes variavam de 10 a 20 cm (torocotomia), hoje giram entre 0,5 cm e 4 cm", listou Wander Cardoso.
"Como não é necessário cortar músculos e nem afastar as costelas com separadores, usados na técnica convencional, as dores físicas pós-cirúrgicas têm um impacto substancialmente menor na recuperação do paciente", acrescentou.
Por ser menos invasiva, a videocirurgia é mais segura, resulta em menos chances de complicações infecciosas, produz menos sangramento, pede menos tempo de anestesia e reduz custos com internação, compensando o investimento no material especializado.
A videocirurgia tem sido realizada com frequência no tratamento de pacientes com hiperidrose, patologia que provoca sudorese excessiva principalmente nas mãos, pés e axilas. Ela também auxilia no tratamento de pacientes com câncer de pulmão, na ressecção de tumor no mediastino, nos casos de derrames pleurais entre outros.
Atualmente, a cirurgia por vídeo está consolidada, mas quando foi apresentada à comunidade médica havia quem questionasse se em casos de ressecção (retirada) de tumores teria o mesmo resultado oncológico das intervenções convencionais.
"Essa dúvida caiu por terra, já que temos uma gama de estudos consolidados que mostram que cirurgia realizada por vídeo registrou os mesmos resultados ou até melhores se comparada à cirurgia convencional por toracotomia", disse o cirurgião Wander Cardoso.
"A alta definição das imagens permite ver com detalhes tanto o tumor como os demais órgãos ao redor e certos pontos da região torácica que devem ser protegidos, sob pena de prejudicar até mesmo o funcionamento do pulmão. Hoje, praticamente a totalidade dos tumores de pulmão em estágios iniciais é retirada por esta técnica", acrescentou o especialista.
Por isso, este moderno procedimento cirúrgico tem salvado a vida de muitos pacientes que conseguem identificar precocemente o câncer de pulmão e retirar o tumor antes de seu avanço. Pacientes diagnosticados no estágio inicial da doença (estágio I) têm uma sobrevida de cinco anos acima 70%. Já aqueles no estágio III (avançado) esse percentual cai para níveis inferiores a 20%.
O problema, alerta o cirurgião torácico, é que 80% dos pacientes com câncer de pulmão chegam ao consultório no estágio IV, onde a intervenção cirúrgica não é mais indicada com intuito curativo, sendo reservado ao vídeo apenas o papel de auxílio ao diagnóstico. Nesses casos, os únicos tratamentos são a quimioterapia e a radioterapia.
"Está técnica já é uma realidade em grandes hospitais de todo o mundo. Já faz parte da rotina de importantes centros de tratamento no Brasil e no exterior. É importante que esta técnica seja estimulada constantemente tanto pelos aspectos econômicos a ela relacionados como pelos benefícios diretos ao paciente", finalizou o cirurgião Wander Cardoso.