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Ministério Público denuncia Cadu como autor de quatro crimes

Promotor pede quebra do sigilo telefônico e reforço da segurança dele. Assassino confesso de Glauco, jovem está preso no Núcleo de Custódia.

Wilson Luiz de Ávila Júnior/ Arquivo Pessoal

Cadu é denunciado por quatro crimes

O Ministério Público Estadual (MP-GO) ofereceu na terça-feira (15) denúncia contra Carlos Eduardo Sundfeld Nunes, o Cadu, de 29 anos, pelos crimes de latrocínio (roubo seguido de morte), tentativa de latrocínio, receptação e porte ilegal de arma de fogo com numeração raspada. Assassino confesso do cartunista Glauco Vilas Boas e do filho dele, Raoni Vilas Boas, em 2010, o jovem voltou a ser preso no último dia 1º deste mês, após fugir de uma abordagem policial, em Goiânia.

O suspeito continua detido no Núcleo de Custódia do Complexo Prisional de Aparecida de Goiânia, na Região Metropolitana. O advogado de Cadu, Sérgio Divino Carvalho Filho, disse ao G1 que ainda não foi comunicado da denúncia e, por isso, não vai se pronunciar.

Anexo à denúncia, o promotor Fernando Braga Viggiano, da 18ª Promotoria de Goiânia, faz uma série de pedidos à Justiça relacionados à instrução dos autos, como a quebra do sigilo telefônico do celular de Cadu entre 10 de agosto e o dia que ele foi detido. Segundo a promotoria, a medida é necessária para que seja dado prosseguimento às investigações com o objetivo de identificar as pessoas que auxiliaram Cadu na prática dos crimes e confirmar a suspeita de que ele pertencia a uma quadrilha especializada em cometer furtos e roubos de veículos em Goiânia.

O promotor teme que Cadu seja executado por outro preso ou induzido a cometer suicídio como uma forma de “queima de arquivo”. Por isso, Fernando também requer que seja determinada à direção do Núcleo de Custódia a adoção de medidas administrativas pertinentes que assegurem a integridade física e psicológica de Cadu.

A promotoria pede ainda que seja encaminhado mensalmente à Justiça relatório a respeito da regularidade da prisão do denunciado. Caso haja qualquer atentado à integridade física ou psicológica do assassino de Glauco, a recomendação é que o juízo criminal seja comunicado imediatamente com o objetivo de viabilizar a transferência dele para uma das penitenciárias federais de segurança máxima.

Crimes

A Polícia Civil concluiu os inquéritos sobre os crimes cometidos por Cadu no último dia 10. O assassino de Glauco foi indiciado por balear o agente penitenciário Marcos Vinícius Lemes da Abadia, de 45 anos, durante um assalto, no Setor Bueno Goiânia, no dia 28 de agosto. O servidor continua internado, até a manhã desta quarta-feira (17), em estado regular na enfermaria no Hospital de Urgências de Goiânia (Hugo).

Cadu também foi indiciado por roubar o carro do estudante de direito Mateus Pinheiro de Morais, de 21 anos, e executá-lo, no dia 31 do mês passado, no mesmo bairro da tentativa de latrocínio do agente.

Investigação

Segundo a polícia, o resultado do exame microbalístico da bala extraída do corpo de Mateus aponta que o projétil saiu da arma apreendida com Cadu. O suspeito também estava no carro da vítima quando foi apreendido, na manhã do dia 1º.

O delegado responsável pelo caso, Thiago Damasceno, explicou ao G1 que Cadu foi reconhecido por pessoas que estavam nos locais dos crimes. Além do depoimento de testemunhas, a análise de imagens de câmeras de segurança apontava a participação de Cadu nos roubos.

No caso de Mateus, imagens mostram o suspeito caminhando pela rua onde ocorreu o crime com um comparsa e fugindo no veículo. Dono do autómovel, o estudante foi baleado ao deixar a namorada em casa. Imagens registraram quando ele, já ferido, entrou no prédio para pedir ajuda.

O momento em que o agente penitenciário foi baleado também foi registrado por circuitos de segurança. No vídeo, é possível ver quando a vítima reage ao assalto e luta com o criminoso, que atira na cabeça do servidor e foge com a ajuda de um comparsa.

Prisão

Carlos Eduardo estava em liberdade desde agosto de 2013, mas voltou a ser preso no dia 1º deste mês após uma perseguição policial, quando estava no automóvel roubado de Mateus. No momento em que foi abordado pela polícia, conforme o delegado Thiago Damasceno, Cadu reagiu à e começou a atirar contra os policiais. Ele, inclusive, pulou do carro em movimento, de acordo com Damasceno. Ninguém ficou ferido na troca de tiros.

Cadu tentou fugir, mas foi rendido por policiais militares que passavam pelo local. Detido na Delegacia Estadual de Investigações Criminais, o jovem foi transferido no último dia 4 para o Núcleo de Custódia após a Justiça decretar a prisão preventiva dele.

Esquizofrenia

Após cometer o duplo homicídio contra o cartunista Glauco e o filho dele, em 2010, Cadu, que possui esquizofrenia, foi considerado pela Justiça inimputável, ou seja, incapaz de perceber a gravidade de seus atos. A doença mental não tem cura, mas tem controle, desde que seja tratada.

Incluído no Programa de Atenção Integral ao Louco Infrator (Paili), Cadu estava em liberdade desde agosto de 2013 e era acompanhado mensalmente pela Justiça de Goiás, já que a família dele mora em Goiânia. A juíza Telma Aparecida Alves, que determinou que Cadu não precisava mais ficar internado, disse que ele não aparentava ter algum tipo de problema mental. "Era doce, amável com as pessoas. Entrava nas residências de algumas pessoas quando ele fazia prestação de serviço, limpando piscinas", disse.

Questionada se errou ao liberar Cadu, a magistrada afirmou que tomou a decisão "correta e mais adequada possível". Disse que é mãe e que também entende a dor da família de Mateus. Telma revelou que, a partir deste episódio, vai agir de outra forma. "Eu vou ficar um pouco mais atenta, como ficaria qualquer pessoa que tiver sua casa roubada vai ficar mais atendo em fechar mais a janela, cuidar mais da porta.

Vou fazer isso nos processos: olhar se está tudo certo mesmo, se a pessoa tem um amparo familiar capaz de auxiliá-lo. Com certeza, vou ser um pouquinho mais precavida", disse.