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Em prisão domiciliar Genoíno muda de endereço em Brasília

Condenado pelo mensalão, ex-deputado agora cumpre pena na casa do sogro de uma das filhas.

Givaldo Barbosa / O Globo

Condomínio no Lago Sul, o novo endereço José Genoino

Depois que teve o pedido negado de viajar para São Paulo para fazer uma consulta com o cardiologista Roberto Kalil, o ex-deputado José Genoino, um dos condenados no processo do mensalão, deverá passar por mais uma bateria de exames na terça-feira com médicos de Brasília. O ex-deputado, que começou a cumprir pena domiciliar num pequeno apartamento na cidade do Guará em novembro, vive há algumas semanas numa casa em um condomínio de classe média, nas proximidades do bairro Lago Sul.

Na sexta-feira passada, o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Joaquim Barbosa, relator do mensalão, rejeitou o pedido de transferência de Genoino para São Paulo e deixou claro que, se o ex-deputado quisesse fazer consulta particular com Kalil, teria que convidar o médico para realizar os exames em Brasília. Segundo o advogado Luiz Fernando Pacheco, Genoino não tem dinheiro para bancar as despesas com viagens de Kalil e, por isso, decidiu se consultar com médico local.

— O Genoino não teria como pagar essas despesas — disse.

O ex-deputado deverá permanecer em prisão domiciliar até 20 de fevereiro, quando termina o prazo de 90 dias fixado inicialmente por Barbosa. A partir daí, ele deverá ser submetido a uma nova avaliação médica. Com base no laudo, o relator decidirá se prorroga ou não a prisão domiciliar. Barbosa já indicou que Genoino poderá retornar à prisão. Em julho, antes da decretação das prisões de alguns réus do mensalão, Genoino foi submetido a uma cirurgia cardíaca e, desde então, tem que tomar remédios e adotar cuidados especiais.

Genoino está cumprindo pena na casa do sogro de uma de suas filhas. Procurado pelo GLOBO, o ex-deputado não respondeu ao pedido de entrevista. Uma mulher, que estava na área externa da casa no momento da chegada da equipe de reportagem, disse que o ex-deputado está proibido de falar com jornalistas.

— Ele está cumprindo silêncio obsequioso, uma punição típica do Santo Ofício — disse Pacheco.

Um dos vizinhos do ex-deputado disse ao GLOBO que uma única vez viu Genoino fazendo exercícios físicos nos fundos da casa. Janelas e portas da casa estão sempre fechadas.

— Não tenho visto ele sair. Ele está recluso — disse o vizinho, que pediu para não ter o nome publicado no jornal.

Genoino foi condenado por corrupção e formação de quadrilha a seis anos e 11 meses de prisão. No momento, ele cumpre pena relativa a condenação de quarto anos e oito meses por corrupção. O crime de formação de quadrilha ainda será reavaliado pelo STF.

Ontem, a Procuradoria Geral da República (PGR) deu parecer favorável pela transferência do operador do mensalão, Marcos Valério, para presídio em Minas Gerais. Ele está preso no Complexo Penitenciário da Papuda, em Brasília, mas deseja cumprir pena no presídio Nelson Hungria, em Contagem, na Região Metropolitana de Belo Horizonte.

O presidente do STF, Joaquim Barbosa, ainda precisa decidir também sobre o caso do delator do mensalão, o ex-deputado Roberto Jefferson. Ele pode cumprir o regime semiaberto da pena num presídio do Rio ou ficar em prisão domiciliar. Também está pendente de decisão da Vara de Execuções Penais o pedido do ex-ministro José Dirceu para deixar o presídio da Papuda durante o dia para trabalhar.