Consumidores pagaram US$ 45 por cerca de 3,5 gramas de maconha recreativa, contra US$ 25 para fins médicos, no primeiro dia de vendas.
Na Medicine Man Denver, uma loja que começou a vender maconha para uso recreativo na semana passada, as pessoas esperavam na fila para sentir pela primeira vez o gosto da erva comprada legalmente. Alguns gritavam “liberdade!” para a multidão quando saíam com pacotes da droga. Eles gastaram quase o dobro do custo da maconha medicinal.
Os consumidores pagavam US$ 45 por cerca de 3,5 gramas de maconha recreativa, contra US$ 25 por uma quantidade idêntica vendida para fins médicos, disse Andy Williams, presidente e CEO da loja.
“Eles não estão acostumados a entrar em uma loja e pagar US$ 25 pela porção, então quando eles vêm, eles pagam o preço que for”, disse Williams, 45, por telefone. “Ter a possibilidade de comprar maconha segura, confiável e de qualidade em um ambiente divertido e animado com certeza é melhor que ir a um beco e dizer, ‘ei, amigo, me vê uma porção?’”.
O preço de varejo da maconha no Colorado dobrou desde 1 de janeiro, quando o estado se tornou o primeiro a legalizar as vendas para qualquer pessoa com 21 anos ou mais. A maconha para uso recreativo é vendida por uma média de US$ 400 a onça (medida equivalente a 28,3 gramas), contra os US$ 200 a onça que os varejistas do Colorado recebem por maconha medicinal, disse Aaron Smith, diretor-executivo da Associação Nacional da Indústria de Cannabis, com sede em Washington.
“Trata-se, simplesmente, de oferta e demanda”, disse Smith. “À medida que mais lojas abrirem, tiverem noção da demanda e forem capazes de atendê-la, os preços voltarão para baixo”.
Cobrança de impostos
Em torno de 21 por cento em impostos estaduais e locais são cobrados sobre a venda de maconha para uso recreativo, disse Amber Miller, porta-voz da Cidade e Condado de Denver.
Os eleitores do Colorado aprovaram, em um referendo em novembro de 2012, a descriminalização da droga, desafiando a lei federal, que ainda classifica a maconha com substância ilegal. Uma medida similar foi aprovada no estado de Washington, onde as lojas deverão abrir ainda neste ano.
As mudanças surgem em um momento em que o uso da maconha está sendo redefinido nos EUA. Vinte estados e o distrito de Columbia legalizaram o uso de maconha medicinal e o governador de Nova York, Andrew Cuomo, está planejando ressuscitar uma lei de 1980 para permitir que alguns hospitais utilizem a droga em pacientes com câncer, glaucoma e outras doenças.
A Bud Med, uma loja no subúrbio de Edgewater, em Denver, estendeu um tapete verde para os clientes que esperavam na neve no primeiro dia de vendas, disse Brooke Gehring, 33, proprietária da Patients Choice of Colorado, empresa que possui quatro lojas, incluindo a Bud Med. Os clientes pediram suas receitas com a data de 1 de janeiro de 2014 para guardá-las de lembrança, disse ela.
‘Parte da história’
“Todos estavam animados por fazerem parte da história e poderem fazer sua primeira compra legal de maconha”, disse Gehring.
Os residentes do Colorado com um documento com foto que comprove que eles têm pelo menos 21 anos podem comprar até uma onça de maconha em cada transação, enquanto pessoas de fora do estado podem comprar um quarto de onça. Não é permitido consumir o produto em público, o que inclui as lojas que o comercializam.
O estado do Colorado prevê que os US$ 578,1 milhões ao ano em vendas combinadas de maconha no atacado e no varejo renderão US$ 67 milhões em receita com impostos, segundo o Conselho Legislativo da Assembleia Geral do Colorado. As transações por atacado, tributadas em 15 por cento, financiarão a construção de escolas, enquanto o montante recolhido com a taxa aplicada ao varejo, de 10 por cento, será usado para regulação da indústria.
Compradores dispostos
Na Colorado Cannabis Facility, em Denver, o sócio-proprietário Larry Nassau disse que está cobrando US$ 40 por uma porção de 3,5 gramas de maconha para uso recreativo e US$ 50 pela mesma quantia de uma qualidade superior, contra US$ 30 e US$ 35 pelo mesmo montante de maconha medicinal. Os clientes estão dispostos a pagar os preços elevados, disse ele.
“Há um sentimento de euforia nas pessoas”, disse Nassau, 61, por telefone. “Parece que nada importa além de fazer parte de tudo isso”.