Xangô Rezado Alto: grupos de matrizes africanas realizam cortejo no centro

Dezenas de integrantes de diversas comunidades tradicionais e grupos de matrizes africanas participam na tarde desta sexta-feira (31) do projeto Xangô Rezado Alto. A celebração marca o episódio da Quebra dos Terreiros, ocorrido em 1912 em Maceió.

Os religiosos se concentraram na Praça Dom Pedro II, no Centro, onde realizaram uma celebração antes de iniciar o cortejo pela Rua do Sol até a Praça dos Martírios. Durante o trajeto, o cortejo irá realizar duas paradas, sendo uma frente ao Instituto Histórico e Geográfico de Alagoas para visita e saudação à coleção “Perseverança”, que reúne peças recolhidas dos terreiros destruídos em 1912 e na Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Pretos.

De acordo com o Pai Célio, um dos líderes dos grupos de matrizes africanas em Maceió, o dia do Xangô Rezado Alto é um dia de reflexão sobre a Quebra dos Terreiros. “É um dia de celebração e também de muita reflexão. Nós fomos resistentes. Houve uma época em que não podíamos manifestar nossa fé. Hoje nós podemos manifestar nossa fé, mas não podemos esquecer nosso passado e tudo que nossos ancestrais passaram naquela época”, disse o religioso.

Ainda segundo Pai Célio, este ano, a terceira edição do projeto acontece com a realização através da Fundação Municipal de Ação Cultural (FMAC), com o apoio da Universidade Federal de Alagoas e Universidade Estadual de Alagoas.

“Hoje o sentimento é de gratidão e a efetivação deste projeto por mais um ano. Existe uma lei tramitando para que o dia 02 de fevereiro seja o dia de combate à intolerância religiosa em Alagoas. Isso faz parte da nossa cultura e é muito importante para nós”, comemorou Pai Célio.

Após o cortejo, o encerramento acontecerá na Praça dos Martírios, onde haverá shows e apresentações culturais com a participação dos grupos Batiquerê, Maracatu Raízes da Tradição, Coletivo Afro-Caeté, Afoxê Odô Yá, Afoxê Ofá Omin e a cantora Luana Costa. Para encerrar o evento, a banda baiana Didá se apresenta às 20h30.