Em uma década, número de bilionários aumenta 80%

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Os ricos estão ficando mais ricos. E – pasme! – eles estão se divertindo bastante ao gastar o dinheiro. Os ultrarricos quebraram muitos recordes no ano passado, comprando obras de arte notáveis, bugigangas reluzentes e brinquedos elegantes. Uma rara Ferrari Spider 1967 saiu por US$ 27,5 milhões. O quadro "Three Studies of Lucian Freud", de Francis Bacon, foi vendido por US$ 142,4 milhões. E 12 garrafas do vinho da Domaine de la Romanée-Conti de 1978, descritas por um especialista como "o mais próximo da perfeição que um vinho pode chegar", entrou na coleção de alguém por US$ 476.405.

O clube mundial dos indivíduos ultrarricos, ou aqueles com mais de US$ 30 milhões em patrimônio líquido, recebeu aproximadamente 5 mil novos membros no ano passado, atingindo por volta de 167 mil, de acordo com o último Wealth Report – um resumo anual de riqueza da empresa de gestão imobiliária Knight Frank.

Durante a última década, o número de uber-ricos aumentou 59 por cento, e o registro de bilionários subiu 80 por cento e atingiu 1.682, segundo dados da Knight Frank. E a maioria dentro desse 0,1% teve um ótimo 2013; três quartos declararam um aumento de seu patrimônio, e apenas 4% afirmaram ter perdido dinheiro, de acordo com a pesquisa, que entrevistou 600 banqueiros privados e assessores de riqueza representando mais de 23 mil clientes.
Embora os Estados Unidos, Japão e Alemanha ainda tenham mais milionários e bilionários do que outros países, a riqueza vem crescendo rapidamente no Oriente Médio, América Latina, Austrália, Ásia e África. Em 2023, estima-se que a China terá 322 bilionários, mais do que a Inglaterra, Rússia, França e Suíça juntas, de acordo com o relatório. Os Estados Unidos deverão ter 503 bilionários em 2023, frente aos 417 da atualidade.

Em busca de algum lugar para estacionar sua riqueza, os ricos do mundo ainda preferem propriedades. No setor imobiliário comercial, famílias e indivíduos ricos estão comprando hotéis, torres de escritórios em Bruxelas e propriedades de varejo na Polônia. E embora os ricos costumem ter 30 % de seu patrimônio em suas residências principais e casas de temporadas – por exemplo, uma casa de praia ou um chalé na montanha –, a demanda por vinhedos, especialmente na França, também vem aumentando acentuadamente, afirma o relatório. Entre os maiores compradores? Os chineses.

A crescente riqueza em economias emergentes não passou despercebida pelas marcas globais de alto luxo. O presidente da Rolls-Royce Motor Cars atribuiu grande parte do desempenho recorde do ano passado aos mercados em desenvolvimento. As vendas cresceram 17% no Oriente Médio e 11% na China, de acordo com o relatório. A Porsche deverá entrar no mercado do Quênia neste ano. Porém, para os novos ricos nesses mercados, mais dinheiro pode significar mais problemas. Especialistas dizem que eles estão cada vez mais buscando por maneiras de proteger seu patrimônio recém-adquirido, seja da instabilidade política ou dos altos impostos.

Com vários países competindo para atrair investidores, o resultado tem sido uma festa de "compra de passaportes". Em Malta, uma proposta calorosamente debatida permitiria que o país vendesse passaportes por 650 mil euros sem exigir moradia. Espanha e Portugal estão oferecendo residência por estadias limitadas no país. Especialistas esperam que Letônia e Estônia sigam o exemplo. "Para qualquer país com falta de capital, essa é uma forma rápida de obtê-lo", declarou Nick Warr, chefe internacional de riqueza da Taylor Wessing, um escritório de advocacia.

Outro caminho popular – e controverso – são os vistos de investidor, onde indivíduos ganham residência ou cidadania em troca de investimentos. Os Estados Unidos, que limitam o número de vistos a investidores imigrantes em 10 mil por ano, concederam 7.641 em 2012, o último ano com dados disponíveis. Oitenta por cento foram para investidores chineses.

Na Inglaterra, que (diferentemente dos Estados Unidos) não tributa indivíduos por sua riqueza global, o número de vistos de investidor aumentaram um quarto nos primeiros três trimestres de 2013. Ao longo dos últimos cinco anos, metade desses vistos foi para investidores russos e chineses.
E, embora Londres continue sendo o maior ponto de riqueza mundial, Nova York deverá ultrapassar a capital britânica até 2024, graças a sua crescente importância aos ultrarricos chineses, russos e demais europeus.

Se os ricos cometeram um erro em massa no ano passado, esse foi segurar ouro, que caiu cerca de 28%. Grande parte dos entrevistados na pesquisa afirmou que provavelmente reduziria sua participação no metal neste ano. Mesmo assim, os ultrarricos continuam colecionando joias, relógios e vinho, embora o maior salto de popularidade tenha sido na arte. Um índice de carros clássicos teve um ganho de 121% em cinco anos. Moedas subiram 91%, e selos raros, 50%. O maior retardatário é a mobília – e não do tipo vendido na Pottery Barn –, que caiu 16% em valor nos últimos cinco anos, segundo o relatório.

Fonte: The New York Times

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