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Sul-coreanos veem no Brasil atalho para mundial de ‘League of Legends’

Jogadores estrangeiros são contratados por equipe brasileira do game. Expoente de esporte eletrônico, Coreia do Sul tem disputas mais acirradas.

G1/TV Globo

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Desde fevereiro, dois jogadores sul-coreanos do game "League of Legends" estão treinando com a equipe brasileira KeyD Stars, em São Paulo. A vinda de estrangeiros ao país para isso não é inédita, mas além de trazer a experiência do maior polo de esporte eletrônico do mundo, An "SuNo" Sun-ho, 19 anos, e Park "Winged" TaeJin, 23, veem no Brasil um atalho para chegar ao torneio mundial da categoria, que em 2013 pagou US$ 1 milhão (R$ 2,3 milhões) ao time vencedor. Assista ao vídeo acima.

A disputa competitiva em games como "Starcraft II", "Counter-Strike" e "League of Legends" é paixão nacional sul-coreana, com transmissão de partidas em canais abertos de TV. Isso torna os torneios bem acirrados, como conta Renan Philip, 19 anos, empresário da KeyD e responsável pela contratação dos sul-coreanos.

"As oportunidades lá são mais difíceis. Para conquistar qualquer tipo de vaga para o mundial, ou até ganhar o campeonato sul-coreano, é complicado", diz Philip. "O Brasil hoje não está nesse nível, então eles viram aqui um caminho mais seguro e tranquilo para chegar ao mundial, que é nosso objetivo", explica.

A "importação" de "SuNo" e "Winged", no entanto, não é uma questão apenas de nobreza desportiva. Cada sul-coreano receberá da KeyD US$ 1 mil (R$ 2,3 mil) mensais até o final de 2014, quando terminam seus contratos. A equipe fornece a estrutura para que eles ganhem com transmissões de partidas pela plataforma on-line de streaming Twitch.
Mundial ‘em casa’

No Brasil, a estrada para o mundial começa nas classificatórias para o campeonato brasileiro de "League of Legends", conquistado pela equipe Pain Gaming no ano passado. Uma vitória no torneio nacional garante vaga nas eliminatórias internacionais durante a feira Gamescom, na Alemanha. A disputa reúne equipes de regiões sem ligas oficiais e leva o primeiro colocado ao mundial, que em 2014 será disputado na Coreia do Sul.

"SuNo", que já jogou e treinou nos Estados Unidos, acredita que ele pode melhorar o desempenho dos brasileiros. "Trago uma experiência que pode ajudar. O jeito como me conhecem, me observam e veem como sou também contam", comenta.

Por conta da dupla não falar inglês fluentemente, as primeiras semanas de treinos têm sido de adaptação. Quem acompanha uma partida da KeyD chega a ouvir três idiomas ao mesmo tempo, o que acaba ficando engraçado e traz novos desafios ao entrosamento da equipe.
"No começo, tudo que a gente ouvia dos sul-coreanos era ‘ok’", diz Matheus "Mylon" Borges, de 17 anos. "Quando você começa a jogar um jogo que requer concentração, e tem que pensar em outra língua que não está acostumado, é difícil. Por isso que na primeira semana foi extremamente complicado para eles jogarem. Eles não conseguiam se concentrar no jogo enquanto falavam com a gente".

Apesar de o ciberatletismo ainda não ser regulamentado no Brasil, a vinda dos sul-coreanos é um exemplo da profissionalização dos eSports no país. A contratação lembra casos de "nacionalização" em outros esportes. Os jogadores Deco, Liedson e mais recentemente Diego Costa viram na naturalização pelas seleções de futebol portuguesa e espanhola, respectivamente, uma forma de garantir presença na Copa do Mundo. Por outro lado, o técnico dinamarquês de handebol Morten Soubak foi contratado em 2009 para comandar a seleção brasileira feminina, projeto que culminou na conquista do mundial em 2013.