Eles são apontados pela população como membros de uma organização criminosa responsável por casos de justiçamento na região.
Cinco policiais militares acusados de integrar um grupo de extermínio intitulado “Ninjas” estão sendo julgados nesta quarta-feira (30) no Fórum da Capital, localizado no Barro Duro. Os militares, entre eles o atual vereador da cidade de União dos Palmares Jailson Vicente de Melo, são acusados na morte do jovem Ismael Dantas Lira, de 18 anos, assassinado a tiros em 7 de dezembro de 2003.
A organização criminosa em que os réus Sandro Jorge da Silva, Jailson Vicente de Melo, Givaldo Vicente de Melo, José Lenildo de Souza Silva e Marcos Antônio Francisco Silva faziam parte seria responsável pelo cometimento de diversos casos de justiçamento ocorridos na região. O grupo seria formado unicamente por militares que vestiam balaclavas durante os atos, o que dificultava a identificação.
Apesar da fama atribuída pelos moradores, o promotor Antonio Vilas Boas, do Ministério Público Estadual de Alagoas (MPE/AL), desconsiderou qualquer envolvimento dos acusados com a suposta organização. “O grupo denominado Ninjas é conhecido pela fama que tem em União dos Palmares, mas eu não posso afirmar que os acusados seriam integrantes dessa organização já que, efetivamente, não há nada nos autos que comprovem essa afirmativa”, disse.
A promotoria pede a condenação dos réus pelo crime de homicídio duplamente qualificado – que prevê pena de 12 a 30 anos. De acordo com a denúncia do MPE, o assassinato de Ismael ocorreu após a vítima ter cometido um delito contra um dos amigos de Sandro Jorge.
Já para o advogado de defesa de quatro réus, Raimundo Palmeira, não existe no processo nenhum elemento que prove o envolvimento dos militares no crime. “O processo não tem absolutamente nenhum elemento contra eles. A promotoria diz que o crime teria acontecido por conta de uma suposta inimizade entre a vítima e um dos acusados, mas todos os militares possuem álibi.”
Para Palmeira, dois dos acusados prestavam serviço de segurança para o ex-governador Manoel Gomes de Barros no dia do crime. “Inclusive a única testemunha do crime alegou em depoimento que não viu o rosto de nenhum dos envolvidos”, complementa.
Ainda segundo Palmeira, a existência de um grupo de extermínio intitulado Ninjas nunca foi provada judicialmente. “Essa fama de grupo Ninja surgiu antes dos próprios militares estarem lá em União dos Palmares, o que é estranho e incoerente é que todo policial acusado de qualquer crime na cidade a população diz que fazia parte dessa organização”, justifica.
O julgamento é presidido pelo juiz Geraldo Amorim, titular da 9ª vara Criminal e deve seguir pela tarde de hoje.
O caso
No dia 7 de dezembro de 2003, Ismael foi até o posto de combustível Quilombo, localizado próximo ao município de União dos Palmares, para abastecer sua moto. No lugar ele foi surpreendido por um carro onde estariam os acusados.
Os militares teriam disparado contra o jovem que veio a óbito no local. Ismael era acusado de diversos crimes na região, entre eles o homicídio de um amigo de Sandro Jorge identificado apenas como Valter.