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Doleiro sabia de operação da PF e cogitou fugir

No dia 14 de março, Nelma foi presa no Aeroporto de Guarulhos, quando tentava embarcar com 200 mil euros escondidos na calcinha.

RPC TV

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Os doleiros Alberto Youssef e Nelma Mitsue Penasso Kodama, acusados pelo Ministério Público Federal (MPF) de prática de crimes financeiros e de lavagem de dinheiro, sabiam da realização da Operação Lava Jato antecipadamente e cogitaram uma rota de fuga, segundo o relatório de investigação da Polícia Federal.

De acordo com o documento, seis dias antes da ação da PF, deflagrada em 17 de março, Youssef trocou mensagens instantâneas com a doleira e falaram sobre um helicóptero que estaria disponível no Campo de Marte, em São Paulo. No dia 14 de março, Nelma foi presa no Aeroporto de Guarulhos, quando tentava embarcar com 200 mil euros escondidos na calcinha.

Segundo o relatório da PF, Youssef chegou a alertar Nelma de que a operação iria ocorrer. "Outra coisa: amanhã vai ter operação. então você sabe o que fazer".

Nelma, por sua vez, chegou a oferecer a Youssef uma espécie de rota de fuga por meio do helicóptero, de acordo com o relatório. "Se quiser, temos um Agusta [marca de um fabricante de helicóptero] no Marte [aeroporto do Campo de Marte, em São Paulo] à nossa disposição, ok? Tá na mão".

Os advogados de Youssef, Fernando Fernandes, e de Nelma Kodama, Marden Maues, foram procurados para comentar o assunto, mas até a publicação desta reportagem nenhum deles tinha atendido as ligações. A PF também foi procurada, mas não quis comentar o assunto.

Operação Lava Jato
A operação Lava Jato foi deflagrada pela Polícia Federal (PF) em março no Paraná e em São Paulo, Distrito Federal, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Rio de Janeiro e Mato Grosso. Ao todo, 42 réus respondem a processo, conforme a Justiça Federal do Paraná. O grupo teria movimentado cerca de R$ 10 bilhões por meio de lavagem de dinheiro. Alberto Youssef está preso desde 17 de março e é apontado como um dos cabeças do esquema.

Paulo Roberto Costa, ex-diretor da Petrobras, também está entre os presos. A primeira denúncia apresentada contra ele pelo MPF foi por tentativa de atrapalhar as investigações. Quando foi preso, Costa teria tentado, segundo a polícia, destruir material que pode ser usado como prova contra ele. O ex-diretor é investigado por suposto favorecimento a uma empresa de fachada de propriedade do doleiro Youssef em um contrato com a estatal.

O MPF também pediu que os dois continuem detidos. A Justiça considerou que há elementos suficientes para manter Youssef e Costa presos. Na segunda-feira (28), Costa foi encaminhado da sede da Polícia Federal, na capital paranaense, para o Presídio Estadual de Piraquara II (PEP II), na Região Metropolitana de Curitiba.