Corpo de Paulo Ricardo Silva está na capela do Cemitério de Santo Amaro. Família pensa em entrar na Justiça contra a direção do Santa Cruz.
O corpo do torcedor do Sport Paulo Ricardo Silva está sendo velado, na manhã deste domingo (4), na capela do Cemitério de Santo Amaro, região central do Recife. Paulo Ricardo faleceu na sexta-feira (1º), ao ser atingido por um vaso sanitário atirado do estádio do Arruda, após o jogo entre Santa Cruz e Paraná.
O corpo chegou à capela por volta das 22h do sábado (3). Amigos e parentes se despedem, e, no momento, cerca de dez pessoas estao na cerimônia. Vestida com uma jaqueta do Estaleiro Atlântico Sul, onde Paulo Ricardo trabalhava, e abraçada a uma camisa do Sport, a mãe do rapaz, Joelma Valdevino, visivelmente emocionada, está sem condições de falar. "Meu filho, por que tinha de ir assim?", pergunta junto ao caixão, sempre chorando.
A tia de Paulo Ricardo, a vendedora Sueni Valdevino, conta que foi uma noite difícil. "Joelma não para de chorar, já teve de ser medicada e tudo. Ninguém consegue aceitar a morte de um filho assim", lamenta.
O padastro do torcedor, Maurício Oliveira, afirma que a família pensa em entrar com uma ação judicial contra o Santa Cruz. "A gente tem que pedir justiça. O presidente do Santa não pode dizer que não tinha ninguém no estádio. Como é que não tinha se caíram dois vasos? O cara ser presidente de um clube e dizer um negócio desses?", comenta, revoltado.
Oliveira se refere à declaração de Antônio Luiz Neto, dirigente do clube pernambucano, que eximiu o time de qualquer responsabilidade sobre o ocorrido. "O fato é que o jogo já havia sido encerrado, as luzes do estádio haviam sido apagadas, os portões fechados, a polícia havia feito a evacuação dos torcedores, mas mesmo assim os vândalos cometeram esse fato. Nós lamentamos muito", disse Luiz Neto, no sábado (03).
De acordo com a família, o enterro está previsto para as 14h deste domingo.
Paulo Ricardo Silva morreu após ser atingido por um vaso sanitário arremessado do Estádio do Arruda, na Zona Norte do Recife. Na saída do jogo entre Paraná e Santa Cruz, pela Série B do Brasileirão, na sexta-feira (1º), imagens gravadas na área externa do estádio mostram o momento exato em que os objetos foram lançados.
Nas imagens das câmeras de segurança, ainda é possível ver os torcedores do Paraná sendo escoltados por policiais montados em cavalos. Os objetos foram arremessados de uma altura de 24 metros, de acordo com o Instituto de Criminalística (IC). O professor de física Beralto Neto avaliou a altura e calculou que o vaso chegou ao chão com um peso de 350 kg.
Após o acidente, a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) decidiu suspender preventivamente a realização de jogos no Arruda. De acordo com nota publicada no site da entidade, o estádio ficará fechado até análise do STJD. O presidente do Santa Cruz, Antônio Luiz Neto, afirmou que a segurança durante o jogo havia sido feita com toda prudência e que o clube também seria vítima do ocorrido.
No sábado, a polícia ouviu um menor de idade que postou mensagens em uma rede social comemorando a morte do torcedor. Ele, que faria parte de uma torcida organizada do Santa Cruz, prestou depoimento no Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) e foi liberado em seguida.
Outros três torcedores ficaram feridos devido à queda dos vasos sanitários. Um jovem de 21 anos segue internado no Hospital Getúlio Vargas (HGV), no Recife. O estado de saúde é considerado estável, e ele vai passar por cirurgia na perna, pois fraturou a tíbia. A segunda vítima já recebeu alta e está em casa. Não há informações sobre o estado de saúde do terceiro ferido.
As depredações nos banheiros nos estádios de Pernambuco têm sido uma prática constante dos vândalos. Em março deste ano, membros de uma uniformizada do Santa Cruz quebraram banheiros da Ilha do Retiro após um clássico entre Sport e Santa. Na ocasião, a direção rubro-negra cobrou da Federação Pernambucana de Futebol (FPF) os custos da depredação.