Guilherme Moura de Jesus morreu com tiro na nuca após reagir a assalto. Informação inicial era que garoto tinha 11 anos; ele foi para delegacia.
A Polícia Civil do Distrito Federal afirmou na manhã desta quarta-feira (7) que apreendeu um adolescente de 13 anos suspeito de atirar e matar o professor de inglês Guilherme Moura de Jesus, de 28 anos, em uma tentativa de assalto. O garoto se entregou na noite de terça-feira (6) na Delegacia da Criança e do Adolescente (DCA), na Asa Norte, em Brasília. A primeira informação era que o garoto teria 11 anos, o que foi corrigido depois. A corporação disse que, por enquanto, não vai se pronunciar sobre o caso.
Guilherme pretendia se mudar nesta quarta-feira para Santa Catarina, para tomar posse na Polícia Militar, e morreu após levar um tiro na nuca. Ele não tinha filhos e morava com a mãe, em Planaltina. De acordo com a prima Bruna Moura, o sonho do professor era se tornar policial.
O crime ocorreu na manhã de sábado (3), em frente a uma igreja da Vila Vicentina. O suspeito teria pedido a bicicleta e o celular da vítima, que reagiu e foi atingida.
O velório de Guilherme aconteceu na manhã de segunda-feira (5), no Cemitério de Planaltina. Bastante abalada, a mãe do professor decidiu ir apenas ao enterro, que ocorreu à tarde. Depois da cerimônia, amigos e familiares fizeram uma manifestação para pedir paz.
A secretária Carolina Silva Rios, do Centro de Desenvolvimento Global de Planaltina, onde Guilherme deu aula nos últimos três anos, disse que o crime assustou os colegas. "Ele era muito querido, sorria o tempo inteiro. Era uma pessoa muito tranquila, muito gente boa mesmo. Foi com choque que recebemos a notícia. O sobrinho dele, que estuda aqui, foi quem nos avisou."
A instituição decidiu suspender as aulas no dia. O estudante Mateus Dias, de 16 anos, disse que um grupo combinou de usar branco durante o protesto. "A gente dizia que ele era aluno. Na hora do recreio, ele ficava com a gente, e não na sala dos professores", revelou.
Colega de trabalho da vítima, a professora Camila de Castro reclamou da impunidade. "Estamos todos com um sentimento de revolta. A luta é por todos nós, pois essa injustiça poderia ter acontecido com qualquer um."
Também presente no enterro, o aluno Pedro Martins, de 12 anos, contou que estava dentro da igreja quando o professor foi morto. "A gente, na hora [dos disparos], foi ver o que tinha acontecido. Vi um homem no chão, fiquei com medo e levei minhas irmãs para casa. Nunca imaginei que fosse meu professor", declarou.
Tio de Guilherme, Vitorino Martins Neves afirmou que a vítima saiu de manhã cedo para caminhar. A família percebeu a demora do homem e, pouco depois, recebeu a notícia de que ele havia sido baleado.
"Ele foi levado ao Hospital de Base, mas não resistiu. O crime aconteceu a duas ruas da casa dele", disse Neves.