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Mulher que saía de cinema é ferida no rosto em ato contra a Copa

Patrícia Dossenka foi atendida no Hospital das Clínicas, na capital. Ela diz em gravação que ouviu barulho de bomba e sangrou perto do olho.

Reprodução

Patrícia Dossenko, 28 anos, ferida quando saía do cinema durante ato contra a Copa em São Paulo

Uma mulher que saía do cinema com uma amiga foi ferida no rosto durante ato contra a Copa do Mundo que ocorreu na noite de quinta-feira (15) na região central de São Paulo. Patrícia Dossenka, de 28 anos, ser preparava para voltar para casa quando contou ter ouvido barulho de bomba. Em seguida, sentiu uma pancada perto do olho e percebeu que estava sangrando.

Patrícia não informou de onde partiu o artefato explosivo, se da Polícia Militar (PM) ou dos manifestantes. Cerca de 2 mil pessoas contrárias à realização do mundial de futebol no Brasil saíram da Avenida Paulista para criticar os gastos com dinheiro público no evento, segundo balanço da PM.

Ferida, Patrícia foi levada para o Hospital das Clínicas (HC), também no Centro, onde foi atendida e liberada. De dentro do quarto, ela fez uma gravação com o celular, contando o que aconteceu. O áudio e a foto da mulher machuca foram exibidos na manhã desta sexta-feira (16) pelo Bom Dia Brasil.

“Eu só consegui escutar dois barulhos fortes da bomba e o terceiro eu já senti uma batida, uma pancada muito forte no meu rosto, próximo ao olho e comecei a sangrar muito, muito”, disse Patrícia na gravação feita com o telefone.

A amiga que estava com Patrícia falou com a TV Globo, mas não quis dizer seu nome ou mostrar o rosto. “É. Com certeza ela [Patrícia] quebrou o nariz. E a gente tá aguardando o resultado dos exames pra ver quais são os, os outros procedimentos”, disse a amiga sobre a mulher ferida. “Pra ver se ela vai precisar ser operada, fazer cirurgia ou não. A gente tá aguardando.”

Sobre Patrícia, a amiga falou que ela está abalada. “Tá bem abalada, chorando, mas tá aguentando firme, né?”, comentou.

Protesto
O ato não foi pacífico. PM e ativistas entraram em confronto. Oito suspeitos de vandalismo, entre eles duas mulheres, foram detidos por policiais militares e levados para a Polícia Civil, onde foram autuados em flagrante. Todos foram liberados, mas três assinaram termo circunstanciado (crime de menor gravidade) por desacato.
Um homem que registrava o protesto anti-Copa de quinta-feira também se feriu. Ele foi socorrido, machucado no pé.

Um policial militar também foi ferido durante a manifetação.

Prisões

Segundo a PM, as detenções ocorreram porque o grupo estava de posse dos objetos que seriam usados em atos de vandalismo. Com eles foram apreendidos 3 litros de gasolina, dois isqueiros, um martelo, dois sprays de tinta, duas máscaras, duas luvas, dois escudos de fabricação caseira, óculos de proteção, dois capacetes, um bastão de ferro e sete cartazes com moldes para pichação.

Todos foram levados ao 78º Distrito Policial, nos Jardins. Entre os oito detidos havia um menor, de 17 anos, que tem passagem por roubo e foi apreendido por suspeita de dano ao patrimônio. Nesta manhã apenas o menor continuava detido, segundo a SSP. O adolescente infrator poderá ser levado a Fundação Casa para cumprir medidas sócio-educativas de ressocialização. Ele foi autuado por suspeita de usar uma barra de ferro para depredar uma agência bancária. Além disso, o menor teria passagem anterior na polícia por roubo.

Vandalismo
O ato contra o mundial de futebol começou no final da tarde de quinta, na Praça do Ciclista. O grupo fechou a Avenida Paulista e depois seguiu em passeata pela Rua da Consolação, onde teve início o confronto depois que mascarados arrancaram lixeiras dos postes e queimaram sacos de lixo. A polícia respondeu com bombas de gás. E os manifestantes jogaram pedras nos policiais.

Um ônibus foi cercado por manifestantes. Depois que o motorista e passageiros desceram, vândalos entraram, mas um deles, menor de idade, não conseguiu manobrar o veículo.

A concessionária da Hyundai, que patrocina a Copa, foi depredada. Vidros da loja e carros foram danificados. Agências bancárias também foram alvo dos manifestantes mais violentos. Portas e vidraças acabaram quebradas.

Uma cabine da Polícia Militar foi pichada e tombada na Avenida Paulista, próximo ao cruzamento com a Rua da Consolação. Vândalos montaram barricadas com fogo.

O Comitê Popular da Copa afirmou que a Polícia Militar entrou no meio da manifestação "atirando balas de borracha e bombas de gás". "A repressão deste protesto é mais uma prova da incapacidade do poder público de lidar com a livre expressão e do recrudescimento da violência estatal contra movimentos sociais e atos públicos. O grupo garante ter construído uma manifestação pacífica e planeja novas ações para as próximas semanas", diz a nota.

Protestos
De acordo com balanço da PM, a capital registrou 11 protestos durante toda a quinta, que se deslocaram por 20 locais. Os atos começaram pela manhã e só acabaram à noite. Apesar das manifestações serem contra a Copa, movimentos populares também reivindicaram políticas públicas. Como por exemplo, moradia e melhores salários.

Os protestos anti-Copa também aconteceram em 12 cidades do Brasil na quinta. Três em São Paulo: a capital, Sorocaba e Bauru. Porto Alegre (RS), Rio de Janeiro (RJ), Brasília (DF), Palmas (TO), Belo Horizonte (BH), Salvador (BA), Maceió (AL), João Pessoa (PB) e Fortaleza (CE) também registraram manifestações.