Os dois se conheceram pela internet; um ficará na casa do outro. Cidade-sede será palco de sete jogos, dentre eles a decisão do Mundial.
Na contramão de quase um milhão de turistas — estrangeiros e brasileiros — esperados em junho e julho no Rio, a assistente de fotografia Elisa de Paula está de saída da cidade. Disposta a fugir do clima de "carnaval fora de época" de uma Copa do Mundo e os prometidos protestos, ela anunciou em redes sociais a vontade de ir para Argentina. Ofereceu o quarto do apartamento que divide com três amigos na Zona Norte e, em troca, pediu abrigo do lado de lá do Rio da Prata. Depois de trocar alguns e-mails com o "hermano" Augustín Payva, fechou negócio e já está de malas prontas para Buenos Aires. Um ficará na casa do outro.
"Vou fugir da Copa como fugi do carnaval. A cidade fica muito lotada e tudo fica caro", diz.
Mas não foi só o desinteresse pelo futebol e o desejo de voltar ao país vizinho que motivaram a jovem de 24 anos. O caos nos aeroportos, o temor de protestos violentos (sobretudo da truculência policial, segundo ela) e a comoção nacional pelas ruas influenciaram a decisão.
Pela internet, ela mobilizou os amigos que fez na Argentina na primeira estada no país vizinho e começou a procura por algum aficcionado por futebol que quisesse aproveitar a Copa do Mundo em uma das cidades-sede. Depois de trocar alguns e-mails com o músico, teve certeza de que encontrou a pessoa certa — o saxofonista só precisou prometer que vai deixar de lado o instrumento musical quando estiver na casa.
Durante 15 dias, ela vai morar na casa do argentino, com o namorado e um amigo, e ele no quarto dela. Se alugasse o cômodo de sua casa e revertesse o lucro para a hospedagem durante a viagem, ela calcula, acabaria saindo no lucro. Mas não achou justo cobrar os preços excessivos cobrados pelo mercado imobiliário. "Ele ficou muito feliz com a troca. Estava louco para conhecer o Rio e não poderia vir se tivesse que pagar", disse.