"Parte da imprensa faz campanha contra a Copa”, diz Aldo Rebelo
O ministro do Esporte, Aldo Rebelo, entende que o tom usado para contestar a Copa do Mundo no Brasil vai além do razoável. “Existe uma parte da imprensa que quer fazer mais do que uma oposição. Faz uma campanha contra a Copa. A mim não surpreende, porque a imprensa brasileira sempre teve esse viés”, afirmou. Na visão dele, o noticiário tem sido marcado por uma “hipertrofia” dos atos contra o torneio organizado pela Fifa. “Quarenta professores cercaram o ônibus da delegação no Rio de Janeiro. E a notícia parecia que a cidade do Rio de Janeiro tinha se mobilizado para cercar a seleção brasileira.”
Aldo participou do programa Opinião, da TViG, onde foi entrevistado pelos jornalistas Tales Faria, vice-presidente do iG; Clarissa Oliveira, diretora da sucursal de Brasília; Paulo Tescarolo, editor-executivo de Esportes; e Jorge Nicola, repórter do jornal Diário de S. Paulo e parceiro do iG através da blogosfera iGlr.
O ministro também criticou a politização da Copa e disse que a competição é um “empreendimento de todos”. Ele negou que haja uma “oposição” ao Mundial por parte dos presidenciáveis Aécio Neves (PSDB) e Eduardo Campos (PSB), adversários da presidente Dilma Rousseff na corrida eleitoral deste ano. Ao contrário, diz ele, ambos empenharam-se pessoalmente para ajudar a trazer a Copa para o Brasil e assegurar o sucesso do Mundial. “Eu não vejo Aécio, nem Eduardo Campos fazendo oposição à Copa”, disse.
De acordo com o ministro, a prova disso é que Aécio participou das solenidades que comemoraram a realização da Copa no Brasil, como o anúncio da escolha do país como sede do mundial e a inauguração do Mineirão. Já Campos, segundo ele, empenhou-se pessoalmente para assegurar que Pernambuco recebesse a Copa das Confederações.
Críticas de Ronaldo
Sem disfarçar o incômodo com as sucessivas críticas do ex-jogador Ronaldo à organização da Copa, Aldo Rebelo diz não ver motivos para enxergar no craque uma fonte de inspiração. Embora descreva Ronaldo como um “ídolo”, um “gênio” e um homem que “prestou grandes serviços ao Brasil”, o ministro diz acreditar que uma pessoa com “responsabilidade pública” como ele não deveria declarar que tem “vergonha” do país.
“Ter vergonha do país não é algo que alguém que tem responsabilidade pública possa dizer”, disse o ministro, acrescentando que, ainda assim, não vê motivos para sentir vergonha de Ronaldo. “Acho que a frase foi infeliz. É contraditória porque, ao mesmo tempo, ele diz que a Copa será um grande êxito, uma grande festa. E só o será porque o Brasil contribuiu para que isso pudesse acontecer”, acrescentou o ministro.
O ministro comentou também a afirmação do ex-jogador de que é preciso “descer o cacete” nos casos de vandalismo em protestos, feita em entrevista ao Jornal Folha de S. Paulo. Aldo apontou a necessidade de coibir eventuais “abusos” em manifestações. Mas deixou claro que não endossa a posição do ex-jogador. “Eu já reafirmei meu carinho, respeito e admiração pelo Ronaldo. Mas eu não me inspiro nas frases, nem nas análises dele para avaliar a situação do país.”
"Negócios da Fifa"
O ministro falou ainda sobre o relacionamento com a Fifa e insistiu que a prioridade do governo não está nos negócios gerados pela Copa e sim no interesse público. “Eu não tenho a pretensão de ser professor da Fifa. É uma entidade antiga, que tem suas prioridades, seus interesses, alguns legítimos. E, aqui, nós do governo procuramos defender o interesse público, o interesse nacional. Não somos defensores do interesse de patrocinados nem dos negócios que a Copa do Mundo enseja e proporciona”, disse o ministro, que prosseguiu. “Sabemos que é um grande negócio, que as cotas de patrocínio dão muitos recursos. Mas o Brasil vai preservar esse interesse público”
O relacionamento entre governo brasileiro e Fifa, que teve diversos momentos de turbulência, não é visto como um problema pelo ministro. “A relação é de cooperação. Quando há divergência, nós procuramos enfrentar preservando o interesse publico”.
Aldo evitou, ainda, polemizar sobre as declarações da diretora do Comitê Organizador Local da Copa, Joana Havelange, de que “o que tinha que ser roubado já foi”. “Nós nos responsabilizamos pela nossa atribuição. Não realizamos contratos de patrocínio, não negociamos contratos de patrocínio. Somos responsáveis por uma parte da logística da Copa e da infraestrutura”, disse o ministro.
Olimpíada de 2016
Por fim, o ministro fez uma previsão otimista quanto aos gastos para os Jogos Olímpicos de 2016, que acontecerão no Rio de Janeiro. Segundo ele, o Maracanã, que receberá a abertura da Olimpíada e os jogos de futebol, não precisará ser novamente reformado. “Não creio. É a Fifa que organiza os jogos, embora seja o COI que organize a Olimpíada. E ela vai querer usar os estádios que já foram testados na Copa”, afirmou.