A Companhia de Saneamento de Alagoas (Casal) deixa de captar, a cada hora, de 100m³ a 150m³ de água no São Francisco, em decorrência da redução da vazão do rio pela Chesf (Companhia Hidrelétrica do São Francisco) por imposição do operador nacional do sistema elétrico (ONS). Desde agosto de 2013 até o final de maio último, a Casal registrou perdas em torno de R$ 3 milhões durante os 300 dias ou 7.200 horas de funcionamento da estação de captação do Morro do Gaia, em Pão de Açúcar, que integra o sistema coletivo da Bacia Leiteira, responsável pelo abastecimento de água de 19 municípios da região. A cada hora, a companhia perde cerca de R$ 271,00 em equipamentos que trabalham 24 horas por dia – quando não há falta de energia. Esse valor não inclui os prejuízos decorrentes de aquisição de componentes internos, que têm sua vida útil reduzida.
Com a queda de vazão do rio, as bombas da estação começaram a sofrer dificuldade para captar água, a ponto de uma delas – a mais próxima da margem – parar o bombeamento. De acordo com o assessor técnico da Vice-Presidência de Gestão Operacional da companhia, Jorge Briseno, a Chesf, reconhecendo a dificuldade, instalou uma bomba submersa em um flutuante, captando água diretamente para o interior da estação.
Esse procedimento, segundo Briseno, causou dano – os equipamentos não funcionaram a contento. Percebendo que a Chesf não resolveria o problema, a Casal instalou um equipamento seu, que estava como reserva em outro sistema de abastecimento e que está operando até hoje. Mesmo com essa injeção adicional de água, o equipamento está trabalhando de forma inadequada, desgastando as peças internas, como rotores, anéis e difusores, de forma precoce e reduzindo sua capacidade de bombeamento.
Preocupado com essa situação, o presidente da Casal, Álvaro Menezes, encaminhou, no final de agosto de 2013, um ofício ao presidente da Chesf, João Bosco de Almeida, no qual detalha as consequências negativas causadas pela redução de 1.300m³/s (metros cúbicos por segundo) para 1.100m³/s da vazão liberada pelos reservatórios operados pela Chesf a jusante de Xingó. Nesse documento, o presidente da Casal elenca os prejuízos calculados nos períodos de 4 a 13 de maio e de 6 a 21 de junho daquele ano.
Nesses dois períodos, a companhia deixou de produzir 548.522m³, que corresponde a uma oferta de água per capta de 164,8 l/hab/dia (litros por habitante dia), para uma população de 110.949 habitantes que dependem exclusivamente para sua sobrevivência do sistema de abastecimento da Bacia Leiteira. No ofício, a Casal também pede o ressarcimento pelos prejuízos causados pela interrupção dos serviços provocada pela redução da vazão dos reservatórios administrados pela Chesf. A dificuldade de abastecimento de água na Bacia Leiteira persiste e os danos também, conforme assinala Menezes, que cita a falta de energia da Eletrobras como um fator agravante que eleva os prejuízos da companhia.