A convenção do PMDB realizada ontem, em Brasília, escancarou o racha no partido quanto ao apoio à candidatura à reeleição da presidente Dilma Rousseff, com Michel Temer como vice-presidente. A cúpula do partido empenhou-se, na semana passada, em vender o discurso do otimismo, prometendo uma vitória avassaladora dos favoráveis à aliança com o PT.
Aconteceu o contrário. Dos 737 votos disponíveis, Dilma levou o apoio de 398 convencionados, 275 votaram contra a aliança e 64 optaram por branco e nulo. Em termos percentuais, o resultado final ficou assim: 59% favoráveis à reedição da chapa Dilma-Temer, 41% contrários. Abaixo, quatro razões pelas quais o partido se dividiu.
Dificuldade de acordos nos estados
Falta acordo com o PT em uma série de estados, como Ceará, Bahia, Pernambuco, Paraná, Piauí, Goiás e Rio de Janeiro. Apesar da aliança nacional, os candidatos do partido estão liberados para apoiar quem quiser nos estados. O caso mais dramático está no Rio. Lá, foi criado o Aezão – movimento de apoio à candidatura a presidente de Aécio Neves (PSDB) e de reeleição do governador Luiz Fernando Pezão (PMDB)
Insatisfação generalizada com o PT
Está cada vez mais evidente a insatisfação dos peemedebistas com os deputados e senadores do PT. Acredita-se que haverá redução da bancada do PMDB na Câmara, que hoje tem 75 deputados. Segundo vice-líderes, a aliança beneficia apenas o PT, hoje com 88 deputados.
Apoio a Temer
Quem votou pela aliança fez questão de dizer que o apoio é ao vice-presidente Michel Temer. Se dependesse de parte dos peemedebistas, Dilma daria adeus à aliança. Na segunda-feira, o otimista senador Valdir Raupp (RO), presidente nacional do PMDB, disse: "Quem votar contra (a aliança), vota contra o Michel". O discurso era para reforça a tese de apoio ao vice.
Falta de diálogo com dissidentes
A mirrada vitória da aliança com o PPT reduz a autoridade e o poder do PMDB, segundo disse antes da convenção o deputado Eliseu Padilha (PMDB-RS). Ele foi escalado para conversar com os dissidentes do partido. Acontece que a direção partidária não ouviu os dissidentes, que preferiam a neutralidade nas eleições – ou seja, que o partido não apoiasse nenhum candidato.