Quilombolas da região de Batalha são beneficiados pelo Programa Alagoano de Inclusão Digital

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Os quilombolas da comunidade Cajá dos Negros, localizada a 25 quilômetros de Batalha, no sertão de Alagoas, contam, desde janeiro deste ano, com acesso à internet, graças ao telecentro instalado no povoado, o qual faz parte do Programa Alagoano de Inclusão Digital, umas das ações estratégicas do Alagoas Tem Pressa, do Governo de Alagoas. Hoje, são 53 unidades em funcionamento em todo o Estado.

Entre as 65 comunidades quilombolas em Alagoas, a do Cajá dos Negros tem 400 pessoas, cerca de 100 famílias, que carecem de vários serviços públicos e de oportunidades. No povoado, a presença da Associação Quilombola Cajá dos Negros, na qual o telecentro está implantado, faz toda a diferença, pois graças ao serviço de um satélite, os moradores estão conectados ao mundo.

O orgulho da negritude é visível no povoado. Os descendentes dos negros escravos que vieram obrigados para o Brasil e fazem parte do Cajá dos Negros declaram que querem continuar na comunidade, mantendo a tradição, a cultura e o valor á origem, mas necessitam de chances para estudar, se capacitar e trabalhar. Por enquanto, o Bolsa Família, programa do Governo Federal de transferência direta de renda para famílias em situação de extrema pobreza ou de pobreza, é o carro-chefe da economia na comunidade, além do trabalho na roça.

Cursos de hortas medicinais e alimentação certa

A presidente da Associação, Ivaniza Leite da Silva, explica que o telecentro existe há cinco anos, mas antes o acesso à internet era precário. “Agora, a gente pode correr atrás de parcerias para beneficiar nosso povo porque o objetivo da Associação Quilombola Cajá dos Negros é a geração de renda para a comunidade. Já consegui realizar pela internet curso de hortas medicinais e de alimentação certa”, através do Programa Mesa Brasil, do Sesc. Em cada curso 15 pessoas foram capacitadas, segundo Ivaniza.

Além dos cursos de hortas medicinais e alimentação certa, o telecentro já ofereceu também informática básica e já formou duas turmas. Daniela da Silva Bezerra, 22 anos, completou o terceiro ano do ensino médio. Apesar de hoje estar como dona de casa, pretende entrar no mercado de trabalho. Para isso, se matriculou no curso de informática básica no telecentro. “Não tenho computador em casa e nunca havia mexido num, até chegar aqui há um mês. Hoje em dia tudo é com internet e pra trabalhar precisa saber mexer no computador. Pretendo arrumar emprego em loja na cidade e o curso vai me ajudar. Hoje eu já sei entrar no Youtube e no Facebook”, conta.

Para Jailson Henrique dos Santos, nove anos, o telecentro é muito legal porque aprendeu muitas palavras novas e até fez um poema sobre carros. O garoto sonha em ser médico “para cuidar dos quilombolas do povoado porque aqui não tem médico”. Jailson disputava o computador junto ao Jamerson Pereira Ferreira, de nove anos, e outras duas crianças que queriam entrar no jogo do Homem Aranha e do Ben 10.

A comunidade Cajá dos Negros recebeu a visita do secretário da Ciência, Tecnologia e Inovação, Eduardo Setton, na sexta-feira, 13, que foi conhecer de perto o trabalho do telecentro em benefício aos negros quilombolas. De acordo com Setton, “é impressionante ver a vida de uma comunidade praticamente isolada de tudo e o que a internet pode trazer de bom pra eles. É um trabalho muito gratificante porque a gente percebe que ações simples e contínuas podem mudar a realidade deles pra melhor”.

Fonte: Cristina Sampaio

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