Ídolo do Palmeiras, Oberdan Cattani morre aos 95 anos

Djalma Vassão/Gazeta PressOberdan era conhecido como a "muralha alviverde"

Oberdan era conhecido como a "muralha alviverde"

Morreu na noite desta sexta-feira o ex-goleiro do Palmeiras Oberdan Cattani. O ídolo alviverde estava com 95 anos e era o único jogador vivo a ter atuado tanto no antigo Palestra Itália quanto no Palmeiras. Ainda não há informações sobre a causa da morte, que foi registrada às 23h15.

Em abril, Oberdan foi diagnosticado com grave lesão coronariana e internado no Hospital Bandeirantes, em São Paulo. Foi submetido a cateterismo e angioplastia, e recebeu alta dez dias depois.

Ele fica na história como um dos maiores goleiros da década de 40, mas que não chegou a disputar Copa do Mundo – ele até defendeu a Seleção Brasileira, mas, por conta das guerras, não houve a competição entre 1938 e 1950.

O Palmeiras já planejava uma homenagem ao goleiro. Oberdan será imortalizado com um busto nas alamedas da sede social do clube. A inauguração estava inicialmente programada para este mês de junho, mas, por um pedido da família, foi adiada e ainda não tem nova data para acontecer. A homenagem é uma forma de reconhecimento e agradecimento pelos 14 anos dedicados ao clube alviverde, que lamentou a morte no Twitter (veja abaixo) e em seu site oficial.

Nascido em 12 de junho de 1919, em Sorocaba, no interior de São Paulo, Oberdan Cattani era o último palestrino vivo, testemunha ocular do conturbado período da década de 40, quando o clube de origem italiana chamada Palestra Itália foi obrigado a mudar de nome. Com a Segunda Guerra Mundial em curso, o governo brasileiro pressionou entidades ligadas aos países do Eixo (Alemanha, Itália e Japão) a eliminar as referências.

"Um dirigente veio nos avisar: o Palestra acabou. Agora somos a Sociedade Esportiva Palmeiras”, contou Oberdan, na comemoração dos 70 anos da mudança de nome, em 2012, sem esconder a tristeza décadas depois: “sou mais palestrino do que palmeirense”. O primeiro jogo com o novo nome marcou episódio conhecido como Arrancada Heroica: em 20 de setembro de 1942, o time entrou em campo carregando a bandeira do Brasil, no Pacaembu, e venceu o São Paulo por 3 a 1, se sagrando campeão paulista. Oberdan foi titular.

A partida foi um dos pontos altas da carreira do goleiro, conhecido pela agilidade, impulsão e pelo tamanho das mãos – era capaz de agarrar a bola com apenas uma mão. Chegou ao Palestra Itália com 22 anos, incentivado pelo irmão, Athos, e ali permaneceu até 1954, conquistando quatro títulos paulistas (1942, 1944, 1947 e 1950), o Torneio Rio-São Paulo (1951) e a Copa Rio (1951). Estreou na vitória por 1 a 0 sobre o São Paulo Railway, que se tornaria o Nacional Atlético Clube, em 2 de março de 1941.

Sua última partida pelo Palmeiras aconteceu em 7 de fevereiro de 1954, na derrota por 2 a 1 para o São Paulo. Foi com desgosto que deixou o clube, dispensado pelo presidente Pascoal Giuliano, nome que Oberdan se recusava a dizer publicamente. Segundo alega, tinha propostas vantajosas de times chilenos e mexicanos, mas havia decidido permanecer no Palmeiras. Acabou encerrando a carreira pelo Juventus, no ano seguinte. Oberdan soma 351 jogos pela equipe, de acordo com o Almanaque do Palmeiras, sendo 29 deles pelo Palestra Itália.

Por conta da transferência, Oberdan acabou enfrentado o Palmeiras em campo, o que, de acordo com o estatuto do clube, impede que seja homenageado com um busto, como ocorreu com Ademir da Guia, Waldemar Fiúme, Junqueira e Marcos. Em 2013, o Conselho Deliberativo conseguiu driblar a restrição, e a ideia de eternizar Oberdan Cattani nas dependências do clube começou a sair do papel.

Oberdan é um dos representantes da tradição de grandes goleiros que o Palmeiras cultivou, com nomes como Leão e Valdir de Moraes. Com Marcos, no entanto, Oberdan cultivou uma rixa pública que diz ter se iniciado após um mal entendido: deu uma entrevista opinando sobre como os arqueiros devem atuar; Marcos teria entendido aquilo como crítica e devolvido também pela imprensa.

Fonte: Terra

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