O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, durante discurso na convenção que homologou a candidatura da presidente Dilma Rousseff à reeleição neste sábado (21), lançou desafio aos adversários para travar o debate sobre a corrupção “porque que eles [oposição] vão voltar com essa cantilena”. Lula afirmou que nunca em nenhum outro governo antes da gestão petista foram criados tantos instrumentos, leis, portarias e decretos para combater a corrupção. “Seja do PT ou de qualquer partido aliado, se fez coisa errada tem que pagar. É assim que criamos nossos filhos e é assim que governamos o País. Fui vítima desse debate em 2006, Dilma, em 2010. E eles vão voltar com essa cantilena”, afirmou o ex-presidente.
Lula, muito aplaudido, afirmou que esta eleição será difícil e sui generis, e chamou a militância para ir às ruas e enfrentar o preconceito e a agressividade ao lembrar as campanhas petistas desde 1989. “A gente tinha orgulho de fazer campanha em 89. Em 94, estávamos contra tudo e contra todos. Se tínhamos orgulho em 98 em situações adversas, se aumentamos o orgulho em 2002, se enfrentamos a agressividade em 2006, se em 2010 superamos o preconceito ao eleger a presidenta, não temos de ter medo em 2014. O que vai ganhar a eleição não é o tempo de TV, o que vai ganhar as eleições é a adrenalina que a gente for capaz de demonstrar cada vez que a gente for para a rua”, disse o ex-presidente.
Lula minimizou qualquer divergência com Dilma. " A gente vai provar que é possível uma presidente e um ex-presidente terminarem o mandato sem que haja atrito entre os dois, numa demonstração que é possível criador e criatura viverem juntos em harmonia. Nunca haverá divergência entre eu e Dilma e quando houver divergência ela termina porque Dilma sempre estará certa e eu errado", brincou o ex-presidente.
Lula afirmou que a militância tem de saber “de cor e salteado” tudo o que foi feito nos últimos 12 anos porque muitos que eram crianças quando ele venceu em 2002 não têm obrigação de saber das conquistas, das marcas do governo petista. “O que aconteceu no século quando eles [tucanos] governaram o País, não tenho medo de comparar a evolução que foi feita no País incomoda eles […] Estabelecemos uma marca de 7 milhões de jovens nas universidades do País. Mas não vou citar números”, disse o petista.
Ele voltou a falar sobre as vaias e xingamentos sofridos por Dilma na abertura da Copa do Mundo. “A impressão é que todo mundo ali havia ido à escola. A escola dá ensinamento, mas educação a gente aprende em casa com o pai e a mãe da gente. Eu quis colocar a catadora de papel [antes do discurso Lula pediu para colocarem no telão o depoimento de uma catadora de material reciclável] porque se tivesse alguém para falar mal da Copa seria a catadora de papel porque certamente ela não tem dinheiro para comprar ingresso, mas demonstra mais consciência do que muitos que acham que vão ganhar consciência na faculdade. Pobre sabe que quando alguém vai na casa da gente, tem que tratar com respeito. E essa coisa da Copa, paro por aqui”, disse.
Sem citar o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, com quem protagonizou divergências recentemente, Lula afirmou que esse País havia sido governado “a vida inteira por intelectuais e doutores”, mas “essa gente não resolveu o atraso na educação brasileira porque já tinha ido à universidade, feito curso superior, pós, mestrado”. “Na cabeça deles, o País tinha de ser governado para 1/3 da população. Estamos convencidos que precisamos melhorar a vida de todos. Os empresários tem de ganhar dinheiro, a classe média deve ser menos penalizada com impostos e, no nosso governo, os mais pobres serão tratados como um filho da gente é tratado quando está mais debilitado”, afirmou o ex-presidente.