Categorias: Saúde

Unesp descobre uma substância que repele e mata o mosquito da dengue

Unesp descobre uma substância que repele e mata o mosquito da dengue

César Fontenele/EPTV

Experimentos mostram morte de larva e mosquito da dengue

Pesquisadores da Unesp de Rio Claro (SP) criaram uma substância capaz de repelir e matar o mosquito da dengue. A fórmula tem uma bactéria tirada do solo contaminado com petróleo. Experimentos de laboratório já demonstraram a eficiência do produto, entrentato, para chegar ao mercado, ainda é preciso baratear os custos de produção.
Os biólogos trabalhavam para formular um detergente biológico e procuravam um princípio ativo na natureza. Entre os locais pesquisados estavam os solos contaminados por combustíveis fósseis, como os derivados de petróleo.

USP São Carlos desenvolve sistema que detecta dengue em 20 minutos
Uma descoberta durante o trabalhou mudou o rumo da pesquisa. Os cientistas já estudavam há 17 anos a bactéria Pseudomonas aeruginosa LBI, encontrada no terreno onde funcionava um posto de combustíveis. Ela se mostrou capaz de destruir o Aedes aegypti no estágio de larva e na fase adulta, além de funcionar como repelente.
“As larvas precisam se manter na superfície para respirar. O que mantém essas larvas na superfície é a tensão da água. Esse produto que a gente aplica reduz a tensão, então o mosquito não consegue respirar e morre. Com relação aos adultos, o produto acaba quebrando a cutícula do mosquito, o levando à morte”, explicou o biólogo Vinícius Luiz da Silva.

Testes e custo

Os testes foram feitos em ratos anestesiados. Em um vídeo feito pela Unesp, o rato que não está com o produto é picado. No outro, que recebeu o repelente, os mosquitos nem se aproximam.
Experimentos mostram morte de larva e mosquito da dengue com substância desenvolvida pela Unesp de Rio Claro (Foto: César

“A partir do momento que conseguimos novas ferramentas para controlar esse mosquito, vamos diminuir a quantidade de adultos no ambiente e, com isso, diminuir as chances de transmissão do vírus para outras pessoas”, relatou o especialista em parasitologia Cláudio José Von Zuben.

Ainda não há previsão de quando o produto será comercializado, já que o processo de produção é caro. Dez miligramas da substância, por exemplo, custam quase R$ 1,4 mil. “A gente está desenvolvendo novos métodos de produção para tentar reduzir o custo final, tanto da produção, como da purificação do produto, para que ele vá para o mercado com o custo mais baixo”, ressaltou a bióloga Roberta Barros.

Combate

Mas enquanto o produto não está disponível, a única forma de combater a doença é eliminar os criadouros do mosquito. Esse é o objetivo das equipes que percorrem os bairros de Rio Claro para orientar e eliminar as chances de proliferação da doença, que já atingiu 450 pessoas neste ano.

“Se esse produto vier a nos auxiliar no combate à dengue vai ser muito bem vindo e vai implementar as ações de controle da dengue no município”, afirmou a coordenadora de controle da dengue, Kátia Nolasco.