O Tribunal de Justiça anunciou hoje que embargou a retirada dos escombros.
Três dias após o desabamento do viaduto, em Belo Horizonte, dezenas de pessoas, entre moradores da região e curiosos, estiveram hoje (6) em frente aos escombros da estrutura que caiu na última quinta-feira (10), na Avenida Pedro I, região da Pampulha. A estrutura despencou e atingiu um micro-ônibus, um carro e dois caminhões. Duas pessoas morreram e 23 pessoas ficaram feridas no acidente.
O local continua interditado. Os dois caminhões ainda não foram retirados de lá, permanecendo embaixo da estrutura. O Tribunal de Justiça anunciou hoje que embargou a retirada dos escombros, prevista para este fim de semana, para preservar o local para perícia e investigação.
A auxiliar de enfermagem Maria Helena da Silva Araújo, que mora no bairro São Benedito, esteve no local no início da tarde de hoje. “É um absurdo. Estou assustada. A dimensão do acidente foi muito grande. Graças a Deus, apesar de ser uma pista de muito movimento, neste momento tinha pouca gente”, afirmou, acrescentando que a tragédia poderia ser ainda pior se tivesse ocorrido em horário de pico.
A cabeleireira Nilda dos Santos, que mora no bairro Venda Nova, também foi visitar o local da tragédia neste domingo. “O viaduto é muito alto e não tem pilar. Já tinha comentado antes [do acidente] que o viaduto tinha ficado muito alto e não havia nada para segurá-lo”, falou ela. “Vim aqui hoje só para olhar e fiquei assustada”, acrescentou.
Albert Rodrigues da Silva, que mora em um prédio na Avenida Pedro I, ao lado do viaduto, e também trabalha nas ruas próximas ao local vendendo água de coco, disse ter visto o acidente, que ocorreu por volta das 15h. “O viaduto desceu de uma vez. Amassando tudo. Ouvi o barulho e vi tudo. Estávamos eu e minha mãe na rua. Tremeu tudo. O prédio abalou e dançou todo. Minha esposa e minha menina desceram correndo [do prédio] achando que ele estava caindo”, contou àAgência Brasil.
Segundo ele, o pessoal de um prédio ao lado de onde ele mora também desceu correndo as escadas com medo. “Tem um outro viaduto, mais acima, que também tinha sido embargado, mas já foi liberado”, explicou. Sobre o viaduto que caiu, ele contou ter visto problemas na obra antes do acidente. “A gente falava direto que ele estava abaixando. Um motorista tinha comentado que o lado esquerdo do viaduto estava abaixando. Isso foi desespero para mostrar para os gringos. Para que tirar as escoras antes do tempo? Tem que demorar para ser feito. Isso é viaduto. Não é lage dos outros”.
O ajudante de metalurgia Antonio de Pádua, que mora em uma casa bem próxima ao viaduto, na Rua Dolores Pereira da Silva, disse ter ouvido o barulho quando estava em uma rua bem perto de sua casa. “Ouvi o barulho. Fui lá e vi o ônibus, dois caminhões e um carro [embaixo dos escombros]. Eu estava na rua na hora e só vi muita poeira. A rua tremeu”, contou ele. Pádua disse nunca ter percebido qualquer problema no viaduto. “Essa rua aqui [onde moro] era um córrego antes. Pode ter sido problema no solo. A viga pode ter descido”, falou ele.
Ainda não é possível determinar o que provocou o acidente. Inicialmente prevista para ser entregue em junho, a obra estava em fase de acabamento, com previsão de ser concluída no fim deste mês.
Todo o complexo de obras necessárias à implementação do BRT de Belo Horizonte está sendo executado pela Cowan, que, em nota, garantiu que todos os procedimentos e material usado passaram pelos testes obrigatórios sem apresentarem qualquer problema, e que a construção seguiu as normas vigentes.
No início de fevereiro, outro viaduto do mesmo complexo de obras para a instalação do sistema de transporte rápido por ônibus, o Montesi, teve que ser interditado devido a um problema estrutural – parte do viaduto em construção se deslocou lateralmente, cerca de 30 centímetros em relação à estrutura. Após o acidente, a Secretaria Municipal de Obras e Infraestrutura anunciou que todos os viadutos que fazem parte do complexo arquitetônico passarão por novas inspeções.
A Polícia Civil está investigando as causas e a responsabilidade pelo acidente.