Dentre os equipamentos, o mais esperado é o Centro Pesqueiro.
O plano de sustentabilidade e de inclusão social da Prefeitura de Maceió para as mais de 400 famílias residentes no Residencial Vila dos Pescadores, no Sobral, antes moradoras da Favela do Jaraguá, está ainda mais próximo de ser iniciado. As obras do Centro Pesqueiro, que têm previsão de início para este semestre, contemplam, entre outras estruturas, três estaleiros, seis oficinas de manutenção para barcos, uma praça com um palco para apresentações culturais, uma fábrica de gelo, um bicicletário, um estacionamento e um mercado para a venda de pescado, esse último obedecendo ao que determina a Vigilância Sanitária.
A proposta, mais do que revitalizar, promete transformar o espaço em um moderno equipamento público, deixando para trás a antiga realidade dos barracos ocupados por famílias vivendo em condições insalubres e becos sem saneamento. Dentre os equipamentos, o mais esperado é o Centro Pesqueiro.
O projeto tem custeio total de R$ 24 milhões do Ministério das Cidades e conta com a coordenadoria da Secretaria Municipal de Habitação Popular e Saneamento (SMPHS). Desse valor, R$ 14 milhões foram investidos na construção do Residencial, com início da transferência de famílias ainda no ano de 2012, e outros R$ 10 milhões serão aplicados na reurbanização e no fomento de estruturas que beneficiem a comunidade pesqueira.
O novo espaço vai garantir um mercado de peixe com área de vendas e 60 depósitos para armazenar os pescados, três estaleiros para fabricação e conserto de barcos, uma fábrica de gelo, um galpão com 30 depósitos para acondicionamento do material de pesca e seis oficinas (uma de fabricação e conserto das redes de pesca, uma para a fabricação e conserto de leme, uma de elétrica para barco e três de motores para barco). Também fazem parte do investimento a construção de uma associação de pescadores (filial da associação dos alcoólicos anônimos e um Museu da memória da Vila dos Pescadores), uma lanchonete de comidas típicas, uma sorveteria e estacionamento para automóveis e bicicletas.
Beneficiado pela ação coordenada pela Secretaria Municipal de Habitação Popular e Saneamento e transferido para a Vila dos Pescadores na última terça-feira (22), Gilnei Silva Gonçalves, disse estar ansioso para desfrutar a nova casa e as futuras instalações que serão promovidas pela Prefeitura.
“Eu era morador da favela há 30 anos, tinha vergonha de levar as pessoas para conhecer minha casa, que não tinha sequer sanitário. Agora será diferente e minhas expectativas são as melhores. Vou morar em um lugar melhor e, se tudo der certo, em breve ainda poderei aproveitar uma estrutura que vai melhorar as condições para o nosso
trabalho”, disse ele.
Um grupo, contrário à ida das famílias para a Vila dos Pescadores, permanece na favela e sugeriu que, ao invés da construção de equipamentos para a comunidade, sejam edificadas moradias. A proposta não é viável, segundo alerta a Secretari, pois já que existe um parecer doInstituto de Meio Ambiente (IMA) expondo motivos pelos quais os moradores não podem permanecer na favela. Enquanto a situação não se resolve, os pescadores que se mudaram aguardam o fim do impasse e o início das obras.
De acordo com o secretário municipal de Habitação Popular e Saneamento, Mac Lira, as equipes da Prefeitura serão enviadas para o local logo que cumprida a ordem judicial que determina a saída das poucas famílias que resistem em deixar o local. Em 2012, a Justiça Federal identificou uma relação elaborada por alguns moradores indicando os próprios filhos benefíciários com o pretexto de impugnar o cadastro oficial da SMPHS. Na primeira quinzena de junho deste ano, a Justiça Federal determinou um prazo de 60 dias para a desocupação total da área em Jaraguá, incluindo os moradores cadastrados mas que têm optado por resistir à transferência para a Vila dos Pescadores.
“Já transferimos 416 das 450 famílias com registro no cadastro habitacional do município realizado no ano de 2007, que identificou as famílias com direito a serem transferidas para os apartamentos no Sobral. Logo que concluirmos a transferência, vamos iniciar o trabalho para a reurbanização da Favela de Jaraguá. É um plano de sustentabilidade e de inclusão para essas famílias que vivem atualmente em condições insalubres alguns casos, inclusive, na marginalidade”, disse Mac Lira.
Ainda segundo informou o secretário, a construção do Centro Pesqueiro foi exaustivamente debatida e construída com o apoio da comunidade pesqueira, inclusive com os moradores resistentes e que caso não se transfiram de maneira pacífica, provavelmente a Justiça determinará como deve ocorrer desocupação.
Mudança
O pescador José Silvano da Silva é um dos moradores da Vila do Pescadores. A família foi das 16 transferidas voluntariamente no dia 22. Ele diz estar muito feliz desde que se mudou para um dos apartamentos no Trapiche. José Silvano, que viveu por mais de 25 anos em um barraco na Favela de Jaraguá, conta que antes sempre se preocupava com a proximidade do período chuvoso.
“Quando chovia, era uma agonia. Era muito ruim, mas agora estou muito feliz, não tenho do que reclamar mais. Aqui é uma coisa muito boa, tenho minha casa e não preciso mais pensar se chove, se vai entrar água e ficar aquele lamaçal do lado de fora”, comemorou José Silvano, conhecido na Vila dos Pescadores como Irmão Bruno.