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Atitudes para evitar após o fim do casamento

Mas, é possível seguir com a separação de forma saudável para os dois lados?

Thinkstock/Getty Images

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separação é sempre um processo complicado. Tudo o que foi construído junto precisa ser repensado após o divórcio. Se uma das partes não aceita bem o processo, surgem raiva, decepção e ranços que desencadeiam brigas, discussões e atitudes impensadas que, em geral, acabam envolvendo toda a família. Mas, é possível seguir com a separação de forma saudável para os dois lados?

“Quem toma a iniciativa costuma ser visto como o vilão da história, mas não é bem assim. O casal passa por um desgaste muito grande e um estresse tremendo, que vale para os dois”, explica a psicoterapeuta Andréia Calçada.

Segundo a Andréia, dor, raiva, incertezas e dúvidas se misturam, deixando ambos bastante afetados. Para a parte que não deseja separar, uma dica importante é se permitir viver o luto da relação. Aceitar o fim e tudo que envolve a separação ajuda a seguir adiante.
Trata-se de um processo gradual, no qual a parte ferida tende a cometer uma série de erros. Muitos casais optam por uma convivência pacífica e amigável durante o processo. No entanto, para que isso dê resultados é preciso muito diálogo e maturidade.

“Se um das partes ainda se sente traída ou com raiva, fatalmente haverá brigas e mais desgaste” – explica Andréia. Nestes casos, o melhor é cortar o contato e manter uma relação cordial até o final do processo.

Segundo o advogado Ricardo Rollo Duarte, a maior dificuldade dos casais ao se separarem é superar justamente os antigos conflitos que levaram à separação.

“O que costuma gerar mais discussão são a guarda dos filhos, seguida da estipulação de um regime de visitas, a estipulação de pensão alimentícia e a divisão de bens comuns, se houver”, completa.

Manual da Paz

Quando não há consenso, parece lógico a parte que não deseja a separação descarregar no outro a mágoa por conta do casamento desfeito. Mesmo que para isso seja necessário jogar pesado, afinal, foram anos de convivência e os pontos fracos do oponente são bem conhecidos, certo? Errado. Agir desta forma demonstra imaturidade e dificuldade para lidar com perdas. Além disso, como em toda guerra, a disputa envolverá outras pessoas além do casal e causará danos, muitas vezes, irreversíveis.
Falar mal do ex para os filhos

É sempre uma péssima ideia. Segundo Ricardo Duarte, não se deve jamais desqualificar a conduta do outro, criar obstáculos ou dificultar o contato dele com o filho. É proibido ainda omitir informações pessoais relevantes sobre a criança, como questões médicas e escolares, mudar o domicílio para local distante, sem justificativa, visando somente dificultar a convivência do menor com o pai. Isso pode ser considerado pelo juiz como alienação parental, uma situação sujeita à responsabilidade tanto civil como criminal.

Xingar o ex para amigos em comum

É natural que vocês conheçam pessoas em comum e tenham de “dividi-las” após a separação. Em geral, os amigos escolhem o lado com quem têm mais afinidade. Mesmo assim, evite ficar falando mal do “ex” para a mulher do melhor amigo dele. Isso não vai ajudar em nada, ninguém gosta de ouvir reclamações sobre como o ex foi um canalha com você, certo?

Dar barraco ao encontrá-lo

Pode ser que vocês tenham de conviver em determinadas situações, como a formatura do filho na pré-escola ou a festinha de final de ano da classe. Nestes casos, seja política. Não precisa morrer de amores, mas nada de criar situações desagradáveis, principalmente para preservar a criança. Lembre-se: ela não tem nada a ver com a situação dos pais.

Beber todas e ligar no meio da noite

Você pode até querer afogar as mágoas para esquecer, mas cuidado. Antes de tudo, lembre-se que a bebida anestesia a dor por um tempo, mas depois a sensação ruim volta. Além disso, nada de encher a cara e ir gritar na frente do prédio do ex às 3 da manhã, ou telefonar deixando um recado mal educado na caixa postal dele. Controle-se!

Destruir lembranças em comum

Você está com raiva e descobre uma caixa de fotos da viagem de lua-de-mel. Se a vontade é rasgar tudo, pense duas vezes. Fotos, vídeos e outras recordações podem ser considerados bens na hora da partilha. Ou seja, eles também pertencem ao ex e não podem ser destruídos. E isso inclui as fotos com os filhos e o restante da família. Neste caso, garanta uma cópia só para você, assim pode fazer sua fogueira sem preocupar-se com o que vai pensar o juiz.

Destruir bens em comum

Quer se inspirar nos filmes e destruir o carro ou aquele relógio caro que ele adora? Péssima ideia. Todos os bens, incluindo aqueles que foram comprados em conjunto, pertencem aos dois e não podem ser danificados.

Ameaçar o ex

Todo tipo de ameaça, verbal, física ou textual, pode ser comunicada à polícia e causar sérios problemas. Evite aparecer no trabalho dele fazendo ameças ou ligar no meio da noite durante um acesso de raiva. E isso também vale para a atual namorada dele, caso ele já tenha uma.

Responder aos e-mails dele com raiva

Ele mandou um email sobre a partilha de bens que você achou um desaforo? Calma. Respire fundo e deixe para retornar mais tarde. Evite responder emails com raiva. Muitas correspondências são escritas com orientação do advogado com a intenção de provocar a outra parte. No caso de uma resposta destemperada, seu email pode servir de prova processual contra você.

Se atirar na pista sem estar pronta

Você está solteira, triste e decepcionada? Ou mesmo está feliz por ter se livrado daquele traste? Tudo bem, apenas tome cuidado para não exagerar. Algumas mulheres, na tentativa de superar a separação acabam se envolvendo com homens errados. Pior ainda, querem exibir estes homens para o ex. Se você for mãe, o cuidado deve ser dobrado. Pense na sua saúde, nas suas emoções e nas crianças.

Usar o advogado como arma

O ideal é que este profissional assegure que os seus direitos sejam garantidos e não sirva apenas para colocar mais lenha na fogueira. Evite advogados com posturas muito agressivas ou que tenham um vínculo próximo com você, pois isto poderá acirrar os ânimos. Leia mais: Mediação familiar é caminho para divórcio menos doloroso

Usar os filhos como arma

Os filhos amam os pais igualmente e não querem e nem precisam tomar partido de nenhum dos lados. Então, nada de fazer os pequenos de porta-recado para o parceiro ou ainda perguntar de quem a criança gosta mais.

Envolver a família na briga

Aqui vale a máxima que diz que você casou-se com ele e não com a família dele. Então, evite colocar sua família e a dele na discussão. Não brigue com quem não está diretamente envolvido na disputa e não responda a possíveis provocações. Pior ainda, não tente afastar os avós e tios paternos dos seus filhos.

Tentar seduzir o ex

A relação acabou, mas você não se conforma. Não adianta querer trazê-lo de volta criando situações como atender a porta de camisola quando ele vier buscar as crianças para um passeio. A situação pode ser constrangedora e deixar você ainda mais triste.

Tentar seduzir um amigo do ex

Tudo bem, você está com raiva dele, mas não precisa jogar baixo. Dar em cima daquele amigo bonitão dele ou mesmo dar bola para aquele cara do trabalho que ele odiava (e que você sabia que sempre olhou diferente para você) não vai te fazer melhor do que ele.

Invadir a privacidade dele

Ele foi seu marido e é lógico que você sabe muitas coisas dele. Pode ser até que tenha vídeos e fotos sensuais dele. Ou ainda, que saiba segredos que ele guarda a sete chaves. Tudo isso morre com você, ok? Nem pense em sair espalhando por aí com o objetivo de ferir a imagem dele. É crime e você ainda vai parecer uma desequilibrada.

Se fazer de vítima

Ficar dando uma de coitadinha para amigos e parentes não é uma boa ideia. É preciso aceitar o fim do casamento e aprender com isso. Além do mais, este papel não vai ajudar a criar uma imagem admirável de você para ele, seus filhos, amigos ou familiares. Portanto, melhor tentar superar e seguir adiante.