Representantes das secretarias de Saúde, Assistência Social, Polícia Civil e sociedade civil organizada para debater a real situação dos moradores de ruas, principalmente os da capital alagoana.
As condições da população em situação de vulnerabilidade social é pauta de uma audiência pública realizada na manhã desta terça-feira, dia 29, na sede do Ministério Público Estadual. Representantes das secretarias de Saúde, Assistência Social, Polícia Civil e sociedade civil organizada debatem a real situação dos moradores de rua, principalmente os da capital alagoana.
Com população sazonal de cerca de 500 pessoas, destas 30% formada por crianças e adolescentes, o Ministério Público quer saber das entidades quais medidas estão sendo adotadas visando o amparo e recuperação dessas pessoas. O MP pretende, ainda, cobrar da Polícia Civil de Alagoas a elucidação dos crimes envolvendo moradores de rua, inclusive com a punição dos acusados.
Na prática, a partir dos dados compilados na audiência pública, o MP pretende formular um relatório com recomendações a todos os órgãos. A audiência pública é comandada pelos promotores Flávio Gomes da Costa e Marluce Falcão.
Questionado sobre a possível participação de agentes públicos no extermínio de moradores de rua, o coordenador de Polícia Metropolitana, delegado Denisson Menezes, descartou a possibilidade. Segundo o delegado, apesar de não possuir uma seção específica para tratar de crimes relacionados a esta população, a Delegacia de Homicídios possui 12 delegados que trabalham na elucidação de todos os crimes.
Albuquerque afirmou, ainda, que a principal motivação para a morte de moradores de rua é o tráfico de drogas e que, apesar das dificuldades naturais, uma vez que são indivíduos errantes, as autorias têm sido identificadas.
Presente na audiência promovida pelo MP, o eletricista industrial José Ailton da Silva, de 32 anos, contou à reportagem do Alagoas 24 Horas sobre a sua experiência de vida em que passou dependente de entorpecentes durante 15 anos, sendo boa parte destes vivendo na rua. "Comecei com álcool, daí fui passando pra maconha, crack e cocaína", diz José.
Durante muitos anos ele andou no submundo de Maceió por conta da sua dependência, mas acabou pedindo ajuda a familiares para conseguir modificar a situação. "Meu futuro seria esse de estar na rua ainda. Mas graças a Deus fui acolhido pela Comunidade Sagrada Família, em Arapiraca, e modifiquei a minha vida", diz.
Para José a audiência pública é importante porque debate o problema muitas vezes ignorado pela sociedade. "Sempre tive família e trabalho, mas a droga me levou tudo isso. Hoje, cada dia, cada segundo sem usá-las pra mim é uma vitória", diz.