O motor da máquina celeste é o meia-atacante Ricardo Goulart, 23 anos, que é artilheiro do nacional.
Foram jogadas apenas 12 rodadas do Campeonato Brasileiro, mas o Cruzeiro já dá toda a pinta que vai conquistar o bi. Líder, a equipe mineira tem cinco pontos a mais que o vice Corinthians, e ganhou nove jogos até o momento, o último deles com uma impiedosa goleada por 5 a 0 sobre o Figueirense. O motor da máquina celeste é o meia-atacante Ricardo Goulart, 23 anos, que é artilheiro do nacional, com 8 gols, e está no aguardo de uma convocação para a seleção brasileira em breve.
Em entrevista ao ESPN.com.br, o jogador falou sobre o estilo de jogo do Cruzeiro, considerado o mais "europeu" dos times do Brasil, por executar com maestria o esquema 4-2-3-1. Goulart discordou que o futebol azul tenha um toque gringo, e assegurou que a equipe mineira tem um estilo próprio de jogar.
"Não acho que somos europeus. Nós jogamos o futebol do Cruzeiro, de características próprias. Desde o ano passado, a gente já vem jogando em alto nível. O que a gente joga é o futebol cruzeirense", bradou o jogador, refutando também as comparações de seu futebol ao do alemão Thomas Müller, outro atleta que vai bem em várias posições no ataque.
"Ele é ótimo jogador, mas eu sou eu, ele é ele", afirmou Goulart, que lidera o ranking da "Bola de Ouro" do Brasileirão, feito pela ESPN em parceria com a revista Placar. O cruzeirense está à frente de nomes consagrados, como Conca, do Fluminense, e Paulo Henrique Ganso, do São Paulo.
Na entrevista, Ricardo Goulart também fez muitos elogios ao técnico Marcelo Oliveira, mentor do bom futebol celeste, disse que inspira seu futebol no do meia Kaká e lamentou pelo Cruzeiro não ter conseguido chegar à final da Libertadores: "Tínhamos condição de estar lá…".
ESPN: Qual o segredo do Cruzeiro para ser tão superior aos outros times e já ter uma vantagem tão grande na liderança do Brasileiro?
Ricardo Goulart: O segredo é que não tem segredo. Já faz um ano e sete meses que esse time joga junto e está totalmente integrado. A comissão técnica tem um estilo inovador, interessante de trabalhar, a gente é obrigado a dar só dois toques na bola. Acredito que tudo isso se reflete em campo e no nosso futebol. A gente trabalha muito forte, todo dia, corrigindo erros, acertando detalhes, e os resultados vêm por mérito disso.
ESPN: Você acha que o Cruzeiro joga o futebol mais ‘europeu’ do Brasil?
RG: Não. Não acho que somos europeus, nem que dá para comparar nosso jogo ao deles. Nós jogamos o futebol do Cruzeiro, de características próprias. Desde o ano passado, a gente já vem jogando em alto nível. Deixo o futebol europeu de lado. O que a gente joga é o futebol cruzeirense.
ESPN: O Cruzeiro tem o melhor elenco do Brasil? Quais outros times se destacam neste quesito, na sua opinião?
RG: No Campeonato Brasileiro, todos os times têm qualidade, senão não estavam na elite. O Cruzeiro tem um ótimo elenco, disso não há dúvidas, mas há vários outros times ótimos, com muito jogadores bons. Acredito que temos um grupo muito dinâmico, onde há muita briga por posições, o que só aumenta a motivação dos jogadores.
ESPN: Com quantas rodadas de antecedência o Cruzeiro vai ser campeão brasileiro esse ano?
RG: Não, não tem isso não (risos)! Vamos jogo a jogo, não pensamos nunca assim. Temos que respeitar todos que vem pela frente, ainda mais porque todos querem ganhar da gente, jogam com mais vontade. Quem não quer ganhar do líder? Vamos deixar pra fazer contas mais para o fim do ano…
ESPN: Afinal, qual é sua posição em campo? Alguns dizem que você é meia, outros que é centroavante…
RG: Eu sou meia-atacante. Mas é verdade que ultimamente os gols têm saído bastante, porque passei a me mexer mais e jogar bastante dentro da área. Estou gostando bastante dos meus números e de estar aparecendo. Também tenho que agradecer aos meus companheiros pelo sucesso. Venho trabalhando firme ao lado deles, e eles criam as oportunidades que eu consigo concluir em gol. Acredito que tenho aproveitado bem.
ESPN: Você tem sido comparado ao alemão Thomas Müller, por também jogar em várias posições do ataque. Você é o Thomas Müller brasileiro?
RG: Não, sou o Ricardo Goulart (risos)! Não gosto de comparações, para falar a verdade. Ele é ótimo jogador, mas eu sou eu, ele é ele. Deixo as comparações para a imprensa. Tenho pés no chão e quero mostrar meu valor a cada partida.
ESPN: Quais jogadores você admira e se inspira?
RG: Admiro muito o estilo de jogo do Kaká. Fiquei muito feliz pela volta dele ao São Paulo, será muito legal jogar ao lado de um cara que admiro tanto, um jogador que sempre me inspirou. O São Paulo ganha demais com o reforço dele, e, quando formos enfrentá-los, temos que tomar muito cuidado com o cara, que é fera. Além dele, sempre gostei do Ronaldo ‘Fenômeno’ e do Ronaldinho Gaúcho, que são caras que têm histórias lindas no futebol, são reconhecidos em todo o mundo. Também gosto do Zidane e do Deco.
ESPN: Você tem apenas 23 anos e é o líder da Bola de Ouro do Brasileirão. Já sente o cheiro da primeira convocação para a seleção brasileira?
RG: Olha… (faz pausa) Primeiramente, tenho que pensar no Cruzeiro e em jogar bem a cada partida. Se estou sendo observado por alguém de lá (seleção), estou sendo avaliado jogo a jogo, então não posso jogar mal, tenho que mostrar meu valor todo dia. Não vai adiantar nada ficar pensando só na seleção e não mostrar meu futebol. Estou com pés no chão, pensando no Botafogo. Quero fazer mais uma boa partida e seguir na boa fase.
ESPN: Mas você acha que a chegada do Dunga vai abrir espaço para novos jogadores na seleção?
RG: Creio que sim. Mas vamos com calma… Está longe ainda o dia da convocação, tenho que trabalhar jogo a jogo e mostrar que tenho condições. É claro que penso nisso (convocação), sim, mas procuro me concentrar no meu time.
ESPN: O Marcelo Oliveira é o melhor técnico do Brasil hoje? O que ele faz de diferente dos outros técnicos?
RG: Ele é um excelente treinador, e não é de hoje! Desde os tempos de Coritiba, de Vasco, ele já mostrava ser muito bom. Agora, no Cruzeiro, segue demonstrando seu valor, não só ele como toda a comissão técnica. Ele colhe o que plantou, pois trabalha bem demais, nos passa muita tranquilidade todo dia e trabalha a cabeça do grupo. Quanto aos trabalhos, eles faz coisas legais, que são fáceis da gente entender e executar em campo. É ótimo trabalhar com ele, estou gostando muito e aprendo coisas novas todo dia. Espero que nossa parceria siga rendendo frutos, para a gente ganhar mais um título esse ano.
ESPN: Por que o Cruzeiro não está na final da Libertadores?
RG: Isso aconteceu… Futebol não é só ganhar, infelizmente. A gente quera muito estar lá e entrar pra história. É chato, porque sabemos que tinhamos condição de estar nessa final. Infelizmente, não deu. Agora, é conquistar o Brasileiro para compensar.
ESPN: Você foi contratado por 2 milhões de euros pelo Cruzeiro em 2013. Hoje, segundo o site Transfermarkt, você já vale o dobro. Considera justa essa valorização?
RG: Sim. Isso é fruto de muito trabalho e esforço. Fico muito feliz. Vou mostrar a cada dia meu futebol e buscar dar assistências, fazer meus gols e jogar bem, porque quero valorizar ainda mais (risos).
ESPN: E você foi protagonista de um ‘chapéu’ do Cruzeiro em cima do rival Atlético-MG, que também queria contratá-lo do Goiás. Os atleticanos pegam muito no seu pé?
RG: Isso é uma longa história (risos)… É muito legal ter o reconhecimento do torcedor cruzeirense, e também do atleticano. Sempre que encontro algum alvinegro, eles me abordam dizendo: ‘Pô, por que você não veio jogar no Atlético?’. Mas acho que eles entenderam a situação, são coisas do futebol. O Atlético é um grande clube, enorme como o Cruzeiro. Graças a Deus acertei na minha escolha pelo Cruzeiro e estou muito feliz de estar aqui.