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Veterinário diz que tigre que atacou criança deu sinais de irritação

Criança atacada no zoo de Cascavel, no Paraná, teve braço amputado. Tigre continua isolado por medida de segurança, segundo veterinário.

Arquivo Pessoal

Arquivo Pessoal

Segundo o veterinário do zoológico de Cascavel, na região oeste do Paraná, onde um menino de 11 foi atacado por um tigre e teve um braço amputado, o animal já havia dado sinais de irritação. Segundo o veterinário Valmor dos Passos, o animal é dócil, desde que tenha o espaço dele respeitado, evitando a proximidade e movimentos bruscos. "Quando o menino corre em frente à grade, o tigre o vê como uma presa, uma caça. Ele estava muito irritado e a qualquer momento iria agredi-lo”, afirmou ao G1.

A conclusão é baseada em vídeos registrados momentos antes do ataque, que mostram o menino correndo em frente à jaula do tigre, e tentando acariciá-lo. Ele estava adiante da grade de segurança, e também foi filmado tentando alimentar um leão. O ataque ocorreu na quarta-feira (30), e o menino segue internado, mas sem risco de morrer.

De acordo com o veterinário, o felino pode ter se sentido confrontado com a presença e algumas atitudes do menino. "Ao correr de um lado para o outro, e urinar na grade de proteção, o tigre está demarcando o território dele, mostrando que ali é área dele", explicou Passos. Ainda conforme o veterinário, o leão também poderia ter efetuado o ataque antes, uma vez que o menino olhou fixamente nos olhos dele, o que também pode ser um sinal de confronto.

Dois dias após o acidente, o tigre continua isolado durante o período em que o parque fica aberto para visitação. Segundo o veterinário, o número de curiosos que desejam ver o animal aumentou após o ataque. Somente após o fechamento do zoológico, o tigre é recolocado na jaula. "É uma medida preventiva para evitar que outra pessoa faça o mesmo que o menino e aconteça um novo acidente", explicou Valmor.

Investigação
A Polícia Civil investiga se o acidente foi causado por omissão do pai, ou da guarda do zoológico. Eles podem responder pelo crime de lesão corporal, de acordo com o andamento do inquérito que foi instaurado ainda na quarta.

O menino estava no zoológico acompanhado do pai, que, segundo testemunhas, deixou a criança brincar perto dos animais. Ele chegou a ser detido para prestar esclarecimentos, mas foi liberado. O pai está acompanhando o tratamento do filho no Hospital Universitário (HUOP), e não falou sobre o caso. Segundo a polícia, a criança mora em São Paulo e veio visitar o irmão menor – ele voltaria na quinta-feira (31) para a casa. A mãe do garoto chegou a Cascavel no fim da tarde de quinta-feira (31), mas entrou por uma porta lateral do hospital e também não falou com a imprensa.

Em entrevista realizada na quinta-feira (31), o delegado Denis Merino, que investiga o caso, deu detalhes sobre o depoimento do pai, colhido na quarta. "O pai do menino disse que estava cuidando do outro filho dele, de três anos, que reside aqui em Cascavel, quando o maior, de 11 anos, se desvencilhou e estava nas proximidades. Tão logo ele percebeu que o animal atacou a criança, ele o socorreu", afirmou o delegado.

Ainda segundo Merino, a guarda patrimonial e testemunhas ainda serão ouvidas. "O código penal prevê que, quando o responsável legal é omisso, ele responde pelo resultado – no caso, o resultado foi uma lesão corporal grave. O pai e a guarda patrimonial – que deveria guardar o local para evitar o acesso de qualquer visitante naquela área – podem responder pelo crime de lesão corporal. A pena é de 2 a 5 anos", disse.

O diretor da Guarda Municipal de Cascavel, Lauri Dallagnol, disse que o guarda do patrimonial não viu o garoto na área restrita porque estava fazendo ronda em outro local do zoológico. “Ele estava fazendo ronda no recinto dos macacos. Ele cuida de três recintos, então ele vem, faz a ronda neste local e vai para outro, faz a ronda e volta. Ele só viu a situação depois do fato consumado”, explicou.

Para o veterinário do zoológico, as grades são seguras. “O recinto atende as todas as especificações técnicas do Ibama, tanto para animais, quanto para os visitantes. A grade de 1,50 m está na norma técnica. O que aconteceu foi uma fatalidade”, concluiu Passos.