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Pai biológico de bebê com Down gerado na Tailândia nega abandono

Governo da Austrália diz que considera intervir em caso.

Bebê abandonado vai para hospital especializado em síndrome de Down Casal australiano abandona bebê com síndrome de Down na Tailândia O pai biológico de Gammy, o bebê com síndrome de Down gerado por uma mãe de aluguel na Tailândia, nega que tenha abandonado o menino intencionalmente, segundo disse em entrevista ao site da TV australiana ABC nesta segunda-feira (4).

A tailandesa Pattaramon Chanbua, de 21 anos, mãe de aluguel que gerou o bebê na Tailândia, diz que o casal australiano abandonou um dos filhos gêmeos porque ele tem síndrome de Down, e que por isso levaram para a Austrália apenas sua irmã. Gammy também tem uma doença congênita no coração.

O pai, que não é identificado pela mídia, diz que não sabia que sua filha tinha um irmão gêmeo.

Segundo ele, o médico da clinica falou apenas da menina para o casal. Ele também diz que tiveram muitos problemas com a agência de barriga de aluguel e que, segundo foi informado, a clínica não existe mais.

Austrália considera intervir
Também nesta segunda, o governo da Austrália disse que está considerando intervir no caso.

A ministra de Imigração da Austrália, Scott Morrison, disse nesta segunda-feira (4) à rádio 2GB, de Sydney, que Pattaramon “é uma heroína absoluta” e “uma santa”, acrescentando que a lei em torno desse caso “é muito, muito sombria”.

“Nós estamos tendo um olhar atento sobre o que pode ser feito aqui, mas eu não queria criar qualquer falsa esperança ou expectativa”, disse Morrison. “Estamos lidando como uma coisa que aconteceu em uma jurisdição de outro país”.

Mais tarde, o porta-voz de Morrison recusou dizer que tipo de intervenção o governo estava considerando.

Pattaramon Janbua ao lado de Gammy, o bebê
que gerou em sua barriga para um casal
australiano e que foi abandonado na Tailândia
(Foto: Apichart Weerawong/AP)Proposta de aborto
Pattaramon, que está tomando conta do bebê de sete meses, diz que a agência sabia sobre a condição de Gammy no quarto ou quinto mês de gravidez, mas que não contou nada para ela. Apenas no sétimo mês de sua gravidez que os médicos e a agência lhe disseram que um dos gêmeos tinha síndrome de Down e sugeriram que ela fizesse o aborto do menino.

Pattaramon lembra de haver rejeitado a ideia fortemente, porque acreditava que fazer o aborto seria um pecado. “Eu perguntei a eles ‘vocês são humanos?’ Eu realmente queria saber”, diz.

No domingo, Pattaramon disse que não estava brava com os pais biológicos do menino por recusá-lo, e que ela esperava que eles tomem conta da irmã gêmea que levaram.

“Eu nunca senti raiva ou ódio deles. Eu estou sempre disposta a perdoá-los”, disse Pattaramon à Associated Press. “Eu quero ver eles amando a bebê do mesmo modo como minha família ama o Gammy. Eu quero que ela seja bem cuidada.”

Pattaramon recebeu a promessa de ganhar US$ 9.300 de uma agência de barriga de aluguel em Bangkok, para ser a mãe de aluguel para o casal australiano, mas ela não recebeu todo o dinheiro desde que os bebês nasceram, em dezembro.

Tratamento
Uma campanha online promovida pela organização Hands Across the Water arrecadou cerca de US$ 200 mil, desde o dia 22 de julho, para ajudar Gammy.

Gammy foi internado em um dos principais hospitais da Tailândia para receber tratamento. Ele será acompanhado por diversos especialistas no Hospital Samitivej Sriracha, em Bangcoc, segundo a emissora australiana 9 News.

Mora Kelly, fundadora da Children First Foundation, que leva crianças doentes de países desenvolvidos para a Austrália para tratamento médico, disse que discutiu com a Hands Across the Water a possibilidade de levar o menino para fazer uma cirurgia no coração em Melbourne.

“Eu acredito que essa criança deve poder ter acesso ao nosso sistema de saúde aqui na Austrália”, disse Kelly à emissora de TV ABC. “Esse bebê, em essência, deveria ser um cidadão australiano”.

O fundador da Hands Across the Water, Peter Baines, não estava disponível imediatamente para comentar o caso.

Na Austrália é ilegal pagar uma mãe de aluguel e em alguns estados, com exceção ao que mora o casal, também é ilegal pagar por uma mãe de aluguel em outro país. Uma mulher australiana pode atuar como mãe de aluguel de graça, mas também tem o direito de manter a criança ao invés de entrega-la aos pais biológicos.