Ainda segundo Malta Marques, todas as testemunhas arroladas conviviam com o réu e com a vítima.
A audiência de instrução das testemunhas do assassinato do empresário Guilherme Brandão, proprietário da choparia e casa de shows Maikai teve início, na manhã desta sexta-feira (08), com o depoimento do pai da vítima, o policial aposentado José Eutímio Brandão, ao juiz Geraldo Amorim. Dezoito testemunhas, sendo 13 de acusação e cinco de defesa, deverão ser ouvidas. A audiência não tem previsão de término.
José Eutímio afirmou em seu depoimento que sempre desconfiou de Marcelo Carnaúba, gerente do estabelecimento e que gozava do status de amigo da família do empresário. O pai de Guilherme disse que embora convivesse socialmente com Marcelo, teria tentado alertar o filho sobre o comportamento do gerente, sendo ignorado por Guilherme.
"Eu dizia a ele que o Marcelo estava roubando. Eu nunca flagrei, mas desde a reconstrução da boate eu tinha esse sentimento. Ele enrolava muito nas finanças, e o caixa dele não tinha organização", afirma o pai.
O policial aposentado chegou a relatar um episódio em que Marcelo teria demonstrado inveja do filho, durante uma festa de aniversário de Guilherme Brandão, quando Marcelo afirmou que a casa do empresário deveria ser dele (Marcelo). José Eutímio contou, ainda, nunca ter desconfiado de outro empregado do Maikai.
O depoimento de José Eutímio acontece na frente de Marcelo Carnaúba. O juiz chegou a perguntar se queria que o assassino confesso do seu filho saísse do local, mas José Eutímio negou.
O auditório do tribunal do júri está cheio de familiares e amigos do empresário Guilherme Brandão. Todos vestem camisetas exigindo que seja feita a justiça com o réu confesso, para que ele seja levado a júri popular e condenado à pena máxima.
O promotor José Malta Marques, responsável pela acusação, disse que o Ministério Público se baseou no inquérito policial para pedir a condenação por homicídio triplamente qualificado, além de lembrar que o réu tentou burlar a ação da Justiça, forjando uma história fantasiosa e alterando a cena do crime.
Ainda segundo Malta Marques, todas as testemunhas arroladas conviviam com o réu e com a vítima.
Já para o advogado Raimundo Palmeira, que faz a defesa de Marcelo, a tese trabalhada é a de que o crime não foi por motivo torpe. "Vou mostrar que não houve crime qualificado, pois ele se arrependo e foi tomado por um momento de emoção. Então não houve crime premeditado", diz o advogado.