Bombeiros de 11 quartéis participaram do combate ao fogo no local; duas pessoas passaram mal.
Mais de mil veículos foram destruídos no incêndio que atingiu na tarde deste sábado um depósito de carros no Mercado São Sebastião, na Penha. A estimativa é do coronel Marco Campos, do 28º GBM (Penha), que afirmou que ainda não é possível precisar as causas do incêndio. Cerca de 80 bombeiros de 11 quartéis participaram da operação de combate às chamas. Dois homens passaram mal por inalarem fumaça. André Bastos, de 33 anos, e André Luiz da Cunha, de 44 anos, foram encaminhados ao Hospital Estadual Getúlio Vargas, na Penha. Em um intervalo de quarenta minutos, quatro grandes explosões puderam ser ouvidas no local, segundo testemunhas. O Corpo de Bombeiros informou que explosões ocorrem, normalmente, por causa do kit gás e dos tanques de gasolina. O fogo foi controlado por volta das 19h, e os bombeiros faziam o trabalho de rescaldo.
O depósito pertence ao leiloeiro Rogério Menezes, que foi avisado por volta das 16h sobre a explosão espontânea de um veículo. O depósito, localizado na Rua do Feijão 47, tem uma área de 11 mil metros quadrados. A Light chegou a apagar a luz do entorno a pedido do Corpo de Bombeiros por segurança, uma vez que o fogo estava chegando perto da rede elétrica. Policiais do 16º BPM (Olaria) chegaram a fechar as ruas no entorno do mercado. O depósito estava fechado neste sábado e havia apenas um segurança no local.
Os militares dos 11 quartéis (Penha, Caju, Irajá, Central, Guadalupe, Caxias, São Cristóvão, Nova Iguaçu, Jacarepaguá, Ramos e Tijuca), que tiveram a ajuda de 13 carros da corporação no combate às chamas, chegaram a quebrar parte do muro lateral do depósito para facilitar a ação. Voluntários e funcionários ajudaram a operação, tentando tirar documentos e salvar o que podiam do escritório.
Para Lucia Garrido, mãe do filho de Rogério Menezes, o fogo começou por um carro que provavelmente estava em curto.
— Estou muito triste, porque lutamos tanto para construir o negócio. Depois de 15 anos, ver tudo perdido, apesar de ter seguro, dói muito. Nunca tinha acontecido nada antes — disse Lucia.
Edgar Rogerio Garrido Nunes, 23 anos, é filho de Rogério Menezes e estava chorando muito, abalado com o incêndio. Ele trabalha com o pai, que passou mal e não foi até o local do incêndio:
— Não sei de onde veio o fogo. Ver tudo isso é muito difícil. Agora não sabemos o que fazer.
Dono de uma oficina mecânica há 20 anos no mercado, Claudio Rodrigues, morador do Engenho Novo, diz que seguiu até o local com o filho, Gabriel Rodrigues, para ver se o comércio deles havia sido atingido.
— Vim imediatamente por o mercado ser conhecido por ter incêndios de grandes proporções. O último foi no ano passado num depósito de pallets, que durou uma tarde, uma noite e uma manhã — disse Rodrigues, que há cinco anos teve as paredes de sua oficina mecânica afetadas por um incêndio em um outro galpão.
Segundo Gabriel Rodrigues, apesar de os incêndios serem frequentes no local, não são tomadas medidas de precaução adequadas:
— Não há muitos hidrantes, e falta água com frequência. Além disso, não há uma brigada de incêndio ou um posto avançado do Corpo de Bombeiros. Deveria haver gente de prontidão no mercado, ainda mais diante desse histórico.
Claudio Rodrigues compra carros dos leilões para vender como sucata na oficina. Ele havia adquirido seis veículos do galpão de Rogério Menezes.
A fumaça do incêndio desta tarde pôde ser vista de Cascadura. Na Linha Vermelha, motoristas curiosos diminuíram a velocidade para observar a coluna de fumaça, que ficava na direção do Aeroporto Internacional Tom Jobim. O incêndio não interferiu a operação do Galeão, segundo a Infraero, por volta das 17h40m. Não houve nenhum voo cancelado, mas o aeroporto operava por instrumentos desde a manhã deste sábado por conta da leve neblina.
No site da Rogério Menezes, estão listados quatro leilões, que seriam realizados nos próximos dias. O primeiro seria feito na próxima terça-feira, com 15 veículos, e o segundo, na sexta, com outros 29. Os outros certames seriam feitos nos dias 22 e 29 de agosto, mas não tinham ainda um catálogo.
O depósito funciona 24 horas por dia, e os leilões acontecem às sextas-feiras a partir das 13h.