Tanto o Ministério Público Estadual, quanto a Polícia Civil de Alagoas informaram que deverão abrir procedimentos para investigar o parlamentar alagoano.
O deputado Marcos Barbosa, que tinha se mantido em silêncio desde o início das acusações do seu sobrinho, Junior Barbosa, decidiu se manifestar por meio de uma carta aberta enviada aos jornais, rádios, sites e demais veículos de comunicação do estado sobre as acusações que lhe são atribuídas.
Barbosa foi acusado pelo parente e ex-empregado de envolvimento com homicídios, tráfico de entorpecentes, ‘feitiçarias’ e de promover irregularidades na Assembleia Legislativa e Câmara de Maceió. Entre as várias negativas do parlamentar na nota oficial, pelo menos uma denúncia é confirmada por ele, o enxerto do pai de Junior Barbosa na Câmara de Maceió, uma vez que ele (Marcos) afirma que Junior teve coragem de delatar o próprio pai, confirmando a transferência da Somurb para a Câmara por anuência.
Marcos Barbosa atribui as denúncias ao fato de ter recusado apoiar a campanha de Junior Barbosa no pleito de 2012, qualificando as acusações como “infamantes e fantasiosas” e chega a afirmar que as denúncias visam tão somente prejudicar a campanha visando à reeleição à ALE.
Em outro trecho da nota, o deputado afirma ser avesso à violência e que todos, incluindo Ministério Público e Tribunal de Justiça, o inocentaram do assassinato do líder comunitário Baré Cola. Segundo Junior Barbosa, ele mesmo teria ouvido do deputado que gastou mais R$ 2 milhões para pagar a um desembargador, juiz, promotor, para ficar livre das acusações. Marcos Barbosa, no entanto, desqualificou a denúncia do sobrinho, uma vez que ele não revelou os nomes das autoridades.
O deputado ainda admite, sem especificar data, que “no passado” ajudou Junior Barbosa, abrigando-o em sua casa e nomeando em cargo comissionado na Câmara de Maceió. Quanto às denúncias de violação de túmulos e feitiçarias, o deputado não entrou em detalhes.
Tanto o Ministério Público Estadual, quanto a Polícia Civil de Alagoas informaram que deverão abrir procedimentos para investigar o parlamentar alagoano.
Segue na íntegra a nota enviada às redações:
CARTA ABERTA AOS ALAGOANOS
A propósito de recente entrevista concedida à imprensa pelo sr. Júnior Barbosa, com acusações infamantes e fantasiosas contra este deputado e contra autoridades do Poder Judiciário, do Ministério Público, da Polícia e até da classe médica, e em consideração ao povo alagoano, a quem devo prestar contas de meus atos, venho a público com os seguintes esclarecimentos:
1 – O sr. Júnior Barbosa dispensa apresentação, tratando-se, como ele próprio admite, de autor confesso de vários assassinatos;
2 – Suas imputações a minha pessoa têm origem e explicação: em 2012, ele queria a todo custo que eu o apoiasse para vereador de Maceió, e eu não o atendi porque já tinha compromisso com a reeleição da vereadora Silvânia Barbosa, minha esposa;
3 – Com espírito de vingança, e depois de cair em desgraça ao ser preso, ele aproveitou o momento político para tentar prejudicar minha campanha à reeleição, tendo, para isso, acusado autoridades e delatado o próprio pai;
4 – Resguardo-me de fazer qualquer acusação ao sr, Júnior Barbosa, sobre sua conduta e seus atos, sobretudo nos bairros da Região Sul de Maceió, por entender que a Polícia Judiciária o fará no cumprimento de seu mister investigativo;
5 – Sou avesso à violência, mas, por força de minha atuação política, já fui alvo de falsas e graves acusações (Caso Baré Cola) todas elas desfeitas e julgadas infundadas pelo Ministério Público e, por fim, pela decisão soberana do Tribunal de Justiça, que me inocentou;
6 – Com orgulho, faço parte da família Barbosa, que tem histórico de vida pública dedicada a Alagoas: somos mais de 60 irmãos e sobrinhos, cada um exercendo sua profissão com determinação e seriedade;
7 – No passado, ajudei o sr. Júnior Barbosa, inclusive cedendo-lhe espaço em minha casa, durante algum tempo, e empregando-o em cargo comissionado na Câmara, quando fui vereador, mas nada disso aplacou sua ira por não ter podido apoiar sua candidatura;
8 – Não sei quem são os magistrados, delegados de polícia e profissionais de Odontologia alvos de suas imputações, mas questiono se deve merecer crédito a palavra de quem acusa sem exibir provas e sem declinar os nomes dos acusados;
9 – Já abri mão da imunidade parlamentar, antes, e o faço agora, do mesmo modo, porque nada tenho a temer, sou um homem de luta, mas luta pelo bem, porque foi essa a formação que recebi dos meus pais. Sou católico, devoto de São Jerônimo, e acredito que a Verdade de Deus e de Cristo prevalecerá, sempre;
10 – Quando acusa autoridades, cita políticos e delata o próprio pai, o sr. Júnior Barbosa revela a extensão do seu desespero, mas o faz sob cálculo, buscando confundir a opinião pública e, claro, prejudicar a campanha da minha reeleição;
11 – Como cidadão, não deveria levar em conta as agressões vingativas de um lunático, mas o faço movido pela indignação que tudo isso me causa e pelo respeito que tenho por minha família e pela sociedade alagoana, da qual me considero um simples servidor;
12 – Seria mais cômodo, de minha parte, propor que a Justiça submetesse o sr. Júnior Barbosa a um exame de sanidade mental, ao menos para entender a razão de seu sentimento de vingança contra minha e contra tantos, mas prefiro achar que ele precisa, muito mais, de tratamento.
Confio na isenção da Polícia e na imparcialidade do Ministério Público e do Poder Judiciário. Estou certo de que, logo, os fatos serão elucidados e a Verdade virá à tona. Confio em Deus e no povo de minha terra.