Em Chelyabinsk, na Rússia, judoca brasileira vence a francesa Audrey Tcheumeo, se iguala a Rafaela Silva e se torna a maior medalhista do Brasil na competição
Tinha sido apenas uma competição em 2014 por conta de duas cirurgias. Mas Mayra Aguiar (-78kg) mostrou ser a guerreira de sempre e conquistou nesta sexta-feira a inédita medalha de ouro no Mundial de Judô. Em Chelyabinsk, na Rússia, a judoca do meio-pesado se igualou à compatriota Rafaela Silva como as únicas campeãs mundiais do judô feminino brasileiro. De quebra, a gaúcha de 23 anos ainda se tornou a maior medalhista do país na história da competição, com quatro láureas.
Na final, Mayra enfrentou a francesa Audrey Tcheumeo, a quem tinha vencido três vezes, em quatro confrontos. Faltando 2m22 para o fim da luta, a brasileira conseguiu um wazari. Logo depois, a rival recebeu uma punição. Com a vantagem, a gaúcha administrou o combate para conquistar a tão sonhada medalha de ouro.
Este é o quinto Mundial Sênior de Mayra. Ela só não conquistou medalha em sua primeira participação, no Rio, em 2007, quando acabou eliminada nas quartas de final. Em Tóquio-2010, ficou com a prata. Em Paris-2011 e novamente no Rio, em 2013, faturou dois bronzes. Com quatro medalhas no currículo, a gaúcha superou Aurélio Miguel, dono de duas pratas e um bronze, e Sarah Menezes, que já ganhou três bronzes.
Antes de brilhar nos Mundiais entre os adultos, Mayra já chamava a atenção nas categorias de base. Em Mundiais Júnior, a brasileira também soma quatro medalhas: bronze em Santo Domingo-2006, com apenas 15 anos, e em Paris-2009, prata em Bangcoc-2008 e ouro em Agadir-2010.
Mayra disputou somente o Grand Slam de Tyumen, também na Rússia, em 2014, por conta de duas cirurgias realizadas após o Mundial do ano passado: ela operou o joelho direito e o cotovelo esquerdo. Foram nove meses de recuperação. A judoca não conseguiu treinar tudo o que podia, então preferiu dar ênfase nos trabalhos físicos e psicológicos. Este último para controlar a mente por conta da ausência dos tatames. Mas a volta foi com chave de ouro já que a atleta brasileira foi campeã em Tyumen.
Mayra começou sua campanha em Chelyabinsk contra a italiana Assunta Galeone. E não teve muita dificuldade. Primeiro, conseguiu um wazari. Depois, a 33 segundos do fim do combate, derrubou a rival com um ippon. Na segunda rodada, a brasileira encarou a espanhola Laia Talarn. No primeiro encontro entre as duas, a gaúcha sofreu, mas obteve a vitória. Somou um wazari e, logo depois, teria o ippon ao conseguir o segundo wazari, mas o juiz alterou a pontuação para um yuko. O tempo acabou e Mayra garantiu a vaga nas quartas de final.
Para se classificar à semifinal, a brasileira enfrentou a russa Alena Kachorovskaya. Mayra ignorou a torcida contra e logo forçou duas punições para a adversária. Mas ela queria mais. E derrotou a judoca da casa com um ippon.
A vaga na final só viria se Mayra vencesse uma velha conhecida: Kayla Harrison. A americana superou a brasileira na final do Mundial de Tóquio-2010 e na semifinal dos Jogos Olímpicos de Londres-2012. Na luta seguinte, Kayla conquistaria a medalha de ouro. No histórico de confrontos, a americana vencia por 6 a 5. E, em julho, as duas se envolveram numa polêmica. Na final do Grand Slam de Tyumen era para as duas judocas terem decidido o título. Mas a rival da brasileira desistiu do combate alegando uma lesão no pescoço. Mayra chegou a declarar que a adversária tinha arregado.
Nesta sexta-feira, não teve jeito e as duas voltaram a se enfrentar. E Mayra deu o troco por tudo o que aconteceu nos últimos anos. Partiu logo pra cima e conseguiu um yuko. Em seguida, aumentou a vantagem com um wazari. A gaúcha chegou a imobilizar a americana por cinco segundos. Na volta do combate, as duas judocas receberam punição.
Faltando 1m38s para o fim da luta, a árbitra expulsou a técnica Rosicléa Campos. A treinadora da brasileira continou por perto, orientando sua pupila. A árbitra, então, pediu que Rosi deixasse a área de combate. Sem as orientações, Mayra quase sofreu a derrota. A 1m09s do término do combate, Kayla aplicou belo golpe, mas a brasileira se defendeu bem, escapando do ippon. A arbitragem chegou a consignar um yuko para a americana, mas voltou atrás na decisão. Mayra, então, conseguiu administrar a vantagem para ficar com a vaga na final.