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Os prós e contras de dividir a conta bancária com outra pessoa

Utilizada por pais e filhos, casais e sócios de empresas, a conta conjunta pode passar de auxílio a um facilitador de problemas

Thinkstock/Getty Images

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Há quem considere um privilégio compartilhar a conta do banco com o parceiro ou familiar. Outros nem cogitam a possibilidade de unir os cofrinhos. O motivo dessa diferença é que não há certo ou errado quando se fala em conta conjunta, defendem especialistas.

A conta compartilhada pode tornar-se um ótimo auxiliar na organização das finanças familiares ou um facilitador de problemas. Tudo vai depender de como os titulares da conta lidam com essa experiência no orçamento doméstico.

Para o educador financeiro do instituto Dsop e autor do best seller "Terapia Financeira", Reinaldo Domingos, a conta conjunta entre pais e filhos, por exemplo, costuma ser vantajosa quando o pai tem idade avançada ou limitações.
“É uma boa escolha compartilhar a conta com pais idosos, que geralmente têm dificuldade em manejar os recursos sozinhos, como sacar dinheiro, usar o cartão ou acessar a internet por meio de senhas”, exemplifica.

Mas quando o objetivo é conquistar autonomia financeira ou acumular dinheiro para a aposentadoria, deve-se destinar os recursos para uma conta individual, alerta Domingos.

Quanto mais pessoas compartilham, mais difícil controlar

A consultora financeira Suyen Miranda recomenda a quem optar pela conta conjunta, especialmente casais, abra uma conta individual para receber sua renda de forma separada. "Se um dos dois gasta mais que o outro, pode dar problema".

Na opinião de Domingos, a conta conjunta é mais útil para pagar despesas cotidianas como conta de luz, água e telefone. "É melhor para casais que possuam objetivos em comum, como poupar para comprar um carro ou um imóvel", complementa.
Abrir uma conta conjunta de poupança é mais recomendável do que corrente, sugere Suyen. A vantagem de poupar em conjunto é que o rendimento aumenta. Mas é preciso definir qual o objetivo de acumular estes recursos.

Quanto mais pessoas incluídas na conta, mais difícil seu controle. Uma opção para prevenir o problema é abrir uma conta conjunta simples, que só pode ser movimentada com a assinatura de todos os titulares. Assim, não há risco de gastos inesperados e sem o consentimento alheio.

Por outro lado, a chamada conta solidária, mais comum entre pessoas físicas, permite que qualquer um dos correntistas a movimente, sem o outro tomar conhecimento. Neste caso, é preciso que os titulares tenham uma relação de confiança mútua e administrem muito bem suas despesas.

Excesso de intimidade financeira pode atrapalhar a relação
Um dos problemas da conta conjunta entre casais, na opinião de Suyen, é o excesso de intimidade financeira. “É o fim da privacidade na relação. Quando se compra um presente para o parceiro, por exemplo, ele facilmente descobrirá quanto custou pelo extrato bancário", exemplifica.

O mais saudável, acredita, é que as finanças do casal sejam partilhadas de outras formas, sem escancarar os gastos de cada um. Em caso de divórcio, por exemplo, a conta conjunta é um agravante para mais dor de cabeça. Será preciso ir a uma agência para fazer o cancelamento e abrir novas contas individuais.

Mas a conta compartilhada só se torna um problema real se for mau utilizada e não houver diálogo sobre o uso do dinheiro, acredita Suyen. “Ela pode ser simplesmente um reflexo da má educação financeira do casal”.

A consultora recomenda o uso da conta para cobrir despesas cotidianas, como gastos com os filhos, ou para casais em que um dos parceiros viaja muito. Já o compartilhamento com um filho adolescente, por exemplo, pode não ser bom negócio.

“É melhor o jovem ter uma conta só dele para aprender a ter responsabilidade quanto aos próprios atos”, opina Suyen.

Veja os prós e contras de abrir uma conta conjunta com outra pessoa:

SOLUÇÃO

– Filhos que compartilham a conta com pais idosos ou incapacitados de movimentá-la sozinhos.

– Conta poupança em conjunto para acumular recursos em torno do mesmo objetivo.

– Uma conta conjunta apenas para as despesas cotidianas e outra individual, para receber o salário e outras rendas.

PROBLEMA

– Misturar recursos para aposentadoria e independência financeira na conta compartilhada.

– Necessidade de desfazer a conta e separar as finanças em caso de divórcio.

– Quando um dos titulares gasta mais do que deveria ou não há confiança mútua na relação.

– Perda da privacidade financeira do casal.