Jornalista abre mão de emprego concursado para trabalhar em casa
Há dois anos a rotina do jornalista Denis Carvalho, de 36 anos, mudou radicalmente quando ele diz ter tomando uma das mais importantes decisões da sua vida: abandonar o emprego concursado em uma assessoria de imprensa em Mogi das Cruzes (SP) para montar um escritório em casa e trabalhar como editor-chefe de um site de turismo com sede em Brasília. "Eu levei sete meses para tomar essa decisão. Hoje eu sou feliz por estar trabalhando em um lugar onde tenho a possibilidade de ajudar milhões de pessoas a realizar seus sonhos de viagem", justifica.
O mogiano conheceu o site ainda quando estava na função de assessor de imprensa. Da posição de leitor, ele mudou para colaborador e começou a fazer trabalhos como freelancer para o portal. "Eu conheci o dono do site e fizemos amizade. Ele me convidou opara ajudá-lo fazendo matérias e eu fiquei nessa condição por dois anos. Até que a coisa evoluiu e ele fez o convite para eu me dedicar 100% ao site", explicou.
Carvalho é mais um adepto do "home office": profissionais que montam escritórios em casa e passam a desenvolver suas funções sem precisar sair de suas residências. Uma rotina que, segundo a psicóloga e consultora de carreira Ivone Mello exige muita disciplina. "Não são todas as profissões em que se é possível trabalhar em casa. Além disso, o profissional precisa estar focado nisso e ter muita disciplina. Afinal, ele está no ambiente de casa. Se há filhos, para mulher é mais complicado porque a criança entende a figura da mãe dentro de casa. Para homem é mais fácil pois não há tantas implicações de ordem doméstica", explica.
Para o jornalista o saldo é positivo. Dois anos depois da escolha, ele assume que já se adaptou à mudança e, por outro lado, conta que não se arrependeu. "Daqui [casa] eu faço tudo, basta ter um computador e uma boa conexão de internet. Nossa sede fica em Brasília, mas temos jornalistas que moram em Amsterdã, São Paulo e Vitória (ES)", conta o jornalista. "Só é preciso se policiar para não trabalhar demais ou menos. No meu caso é demais. Hoje precisei levar meu filho ao médico e fui normalmente, só precisei carregar o notebook", completou.
Além do site, a empresa para qual Carvalho trabalha também alimenta um blog, um guia de destinos de viagem de companhias aéreas, cartões de crédito e seções para quem quer viajar pagando menos.
Espaço estruturado
A psicóloga Ivone Mello orienta que o profissional que opta por trabalhar em casa precisa montar um espaço adequado para desenvolver sua função. "Tem que ser uma área onde o profissional consiga se concentrar para trabalhar", detalha.
Foi o que fez o analista sap basis Francisco Assis de Moraes, de 31 anos. Ele trabalha para uma empresa com sede na zona sul e explica como funciona a função com nome complicado: cuidar do sistemas dos clientes. "Em resumo, mantenho a boa saúde do sistema", explica.
Assis mora com os pais em Suzano e, recentemente, montou seu novo posto de trabalho no quarto que um dos seus dois irmãos ocupava antes de se mudar. Anteriormente Assis trabalhava em um outro cômodo, nos fundos da residência. Do mesmo jeito, também era um espaço reservado e estruturado: "Reservo uma mesa no meu quarto com notebook, monitor extra e acesso à internet. Tento deixar confortável o suficiente para trabalhar, mas não tão fora disso para não fugir do que é o foco principal", conta Assis.
No caso do analista, a mudança de rotina foi diferente, pois partiu da própria empresa. Há um ano e sete meses Moraes deixou de viajar todos os dias para a capital. "Tive todo apoio necessário da liderança e equipe para que ficasse confortável e pudesse render mesmo trabalhando de longe, sem os olhos do chefe", contou.
Diferentemente do jornalista, Moraes tem um horário fixo de trabalho durante as madrugadas. Ele entra às 20h e sai às 8h: "Me arrumo após um banho como se fosse ir trabalhar fora de casa, lógico que não preciso de gravata apertada ou sapato social, ou me preocupar em levar a refeição para o serviço ou dinheiro para me alimentar, afinal, a cozinha está logo ao lado", explica.
Além da mesa, computadores e celular, Moraes ainda mantém um quadro que retrata a Time Square. A arte pregada na parede, bem em seu ambiente de trabalho tem um motivo. "Eu tenho um sonho de conhecer Nova Iorque. Tenho uma cisma com aquela cidade e por isso levo esse quadro comigo", finaliza.