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Polícia investigará possíveis ‘restrições técnicas’ na boate Kiss

Em depoimento, engenheiro afirmou que prédio possuía falhas. João Veras diz ter feito PPCI em estabelecimento antigo do prédio.

Reprodução Globo News

Incêndio matou 238 pessoas no dia 27 de janeiro

A polícia investigará se o prédio da boate Kiss, onde um incêndio na madrugada de 27 de janeiro causou 238 mortes, tinha 24 restrições técnicas. A informação partiu do depoimento do engenheiro João Veras, na tarde desta sexta-feira (8). Após deixar a delegacia, ele explicou que realizou um Plano de Proteção Contra Incêndio (PPCI) na mesma construção, quando ainda abrigava um curso pré-vestibular antes do início do funcionamento da boate.

“O projeto de modificação do cursinho G10, do qual eu executei o PPCI regularmente, tem 24 restrições técnicas e não deveria nunca ter saído da mesa do engenheiro responsável”, disse Veras ao G1.

No final da tarde, o delegado Sandro Meinerz afirmou que a informação será apurada. “Vamos analisar e confirmar essas informações. Elas podem ser úteis”, declarou.

Veras afirma ainda que os policiais deveriam investigar as obras feitas pela empresa Hidramix, responsável pela instalação de barras anti-pânico na boate Kiss, nos últimos dois anos, para verificar se foi feito de acordo com as especificações técnicas. No entanto, Meinerz afirmou que a investigação vai se deter no caso específico da boate.

“Não podemos investigar tudo o que essas empresas fizeram. Temos de focar aqui. (Veras) é uma pessoa que tem conhecimento técnico. A partir dessa informação vamos atrás destes detalhes”, declarou.

Entenda

O incêndio na boate Kiss, em Santa Maria, região central do Rio Grande do Sul, deixou 238 mortos na madrugada do último domingo (27). O fogo teve início durante a apresentação da banda Gurizada Fandangueira, que fez uso de artefatos pirotécnicos no palco. De acordo com relatos de sobreviventes e testemunhas, e das informações divulgadas até o momento por investigadores:

– O vocalista segurou um artefato pirotécnico aceso.
– Era comum a utilização de fogos pelo grupo.
– A banda comprou um sinalizador proibido.
– O extintor de incêndio não funcionou.
– Havia mais público do que a capacidade.
– A boate tinha apenas um acesso para a rua.
– O alvará fornecido pelos Bombeiros estava vencido.
– Mais de 180 corpos foram retirados dos banheiros.
– 90% das vítimas fatais tiveram asfixia mecânica.
– Equipamentos de gravação estavam no conserto.