A seca, o Canal e o macaco esperto
A seca, o Canal e o macaco esperto
08/02/2013 17:19
por Teotonio Vilela Filho*
"O que a presidenta Dilma verá, ao desembarcar em Alagoas para inaugurar conosco o Canal do Sertão, é uma obra executada com zelo, com responsabilidade e com muito trabalho"
A seca sempre foi pote cheio para oportunistas que utilizam um fenômeno natural para realizar proselitismo político. Não bastassem o sofrimento de pessoas, animais e a perda de safras, temos que conviver com a desfaçatez de gente que, quando teve a chance e o poder de fazer algo para combater longos períodos de estiagem, foi omisso, incompetente e cruel com o povo sertanejo. Está assim registrado na história da nossa querida Alagoas, especialmente no Sertão alagoano.
Posso falar de cátedra sobre o Sertão. Como senador da República, em meu primeiro mandato, presidi a CPI da Seca no Congresso Nacional e sou, sem arrogância, mas com muito orgulho, responsável pela inclusão da palavra Sertão na Constituição brasileira. Muitas das políticas para amenizar os efeitos da estiagem no Nordeste brasileiro, durante o governo de FHC, aprimoradas nos governos de Lula e Dilma, são resultados do meu trabalho no mandato de Senador da República, a exemplo do Seguro-safra. Fui, também, quem mais lutou e trouxe recursos para construção das adutoras do Sertão e do Agreste.
Quando assumi o Estado em 2007, havia apenas um quilômetro de canal construído. Como governador, o meu primeiro ato foi recuperar o projeto do Canal do Sertão, esquecido nos governos anteriores, readequá-lo e colocar em execução a obra. Neste mês de fevereiro, inauguraremos os primeiros 65 quilômetros do Canal do Sertão de Alagoas, com 2 milhões de metros cúbicos de água e com políticas públicas de beneficiamento para agricultores do entorno da obra. Há cerca de uma semana, prefeituras do perímetro da seca nas proximidades do Canal já se utilizam dessa água para consumo humano e animal, através de 20 pontos móveis e fixos de abastecimento. Nesta quarta-feira, em Fortaleza, fechamos com o Banco do Nordeste uma parceria através da nossa Agência de Fomento, a Desenvolve, para abertura de crédito especial aos produtores da área do Canal do Sertão.
Nos últimos seis anos, conseguimos chegar aos 65 quilômetros e vamos brevemente iniciar a terceira etapa desse projeto, alcançando cerca de 100 quilômetros ao final do meu governo. O que a presidenta Dilma verá, ao desembarcar em Alagoas para inaugurar conosco o Canal do Sertão, é uma obra executada com zelo, com responsabilidade e com muito trabalho. A presidenta Dilma conhece o nosso esforço e o nosso empenho para a realização desse sonho e vai constatar, de perto, que valeu a pena acreditar e ser parceira do nosso governo. Para ter as indispensáveis parcerias do governo federal, cortamos na carne para resgatar a credibilidade do Estado.
O que estamos hoje vendo no Canal do Sertão não é nenhuma obra de falácia, como são os pronunciamentos de gente que tenta desqualificar o nosso trabalho para justificar a própria ausência na luta por uma nova Alagoas. Sabemos que esse é um momento difícil para a região do semiárido de Alagoas, que enfrenta uma das piores secas de sua história. Não cabe ao governo indignar-se com essa situação. Cabe ao governo trabalhar para amenizar os problemas. Cabe ao Estado estar presente em ações e apoio. É isso o que estamos fazendo, disponibilizando recursos próprios, fazendo a limpeza de barragens, adquirindo motobombas; entre setembro e outubro do ano passado, recuperamos vinte poços artesianos e estamos recuperando mais, e atendendo pleitos isolados dos municípios mais castigados com essa estiagem. E vamos fazer mais. Reuni minha equipe e cobrei mais empenho, celeridade e ampliação de ações para beneficiar os municípios atingidos pela seca.
O meu compromisso com Alagoas está acima das questões partidárias e distante do mau uso da política. Fazer discurso é fácil. Difícil é realizar, como mostra a história nem tão distante. Afinal, tivemos um presidente da República com um governo estadual aliado e tudo que se conseguiu na época foi cavar um buraco para depois abandonar a obra do Canal do Sertão. Mas isso é passado e no passado ficará quem nunca teve compromisso com o Sertão e o povo sertanejo.