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Deputados cobram ‘paz’ e questionam números oficiais

'Alagoas é o paraíso da bandidagem', desabafa parlamentar.

Discursos em tom de desabafo marcaram a sessão desta quarta-feira, 27, na Assembleia Legislativa de Alagoas (ALE). Vários parlamentares usaram a tribuna para criticar a política de segurança pública e cobrar uma solução para os índices alarmantes de violência no Estado.

Primeiro a abordar o tema, o deputado Ronaldo Medeiros (PT), que integra a comissão de fiscalização do Programa Brasil mais Seguro em Alagoas, cobrou a implantação de programas sociais, a valorização da educação e a contratação de policiais como formas de combater a criminalidade. “Torço para que o Programa Brasil Mais Seguro dê certo, mas da forma que está não vejo perspectiva. Hoje, Alagoas é o paraíso da bandidagem”.

Em aparte, o deputado Sérgio Toledo (PDT) relatou vários casos de violência a pessoas próximas, entre eles o que vitimou familiares dele no domingo passado à noite, quando cinco homens armados com pistolas invadiram uma residência no Conjunto Jardim Petrópolis e fizeram uma família refém.

"Na condição de instituição, a Assembleia precisa cobrar ações. Em Sergipe não existe a violência que tem aqui e em Pernambuco os índices de criminalidade estão caindo. Em Alagoas, não tenho conhecimento de medidas que estão sendo tomadas para colocar fim na violência”, desabafou, acrescentando que o governo não pode se limitar a realizar obras, mas deve investir em saúde, educação e geração de renda.

Também em aparte, Ricardo Nezinho (PMDB) voltou a frisar que, mesmo que os índices de homicídio tenham diminuído, a violência continua. “A Força Nacional precisa mostrar aos alagoanos a que veio. Precisamos saber de onde entra a droga em Alagoas e quem são os grandes traficantes, porque o tráfico é um dos vetores da violência”.

Números falsos

Com um discurso ainda mais duro que o dos colegas de bancada, o deputado Olavo Calheiros (PMDB) afirmou que os gestores públicos de Alagoas não têm mais credibilidade para anunciar mudanças e colocou em suspeição os números do Programa Brasil Mais Seguro no Estado.

“A presidenta Dilma diz que o governo federal ajudou a reduzir violência em Alagoas, mas isso não é verdade, a presidenta está mal informada. O governo federal é sócio da violência no Estado”, alfinetou, criticando também a secretária nacional de Segurança Pública, Regina Miki: “Ela (Miki) não conhece, não entende de segurança pública e está apresentando números falsos”, afirmou o deputado.

Ações do Governo

O deputado Edval Gaia (PSDB), líder do governo na Casa, rebateu as críticas dizendo que é preciso reconhecer o esforço do governo do Estado para que os índices de violência diminuam: “Os índices de violência estão caindo, principalmente em Maceió. Isso é comprovado pelas estatísticas e até a população se sente mais segura”, destacou, lembrando que o Poder Executivo realizou concursos para para as polícias civil – incluindo os cargos de delegados – e militar, está equipando o aparelho de segurança e recuperando as escolas públicas.

“Infelizmente, a criminalidade continua alta. Mas, não é só em Alagoas, é no Brasil todo. Precisamos nos unir para buscar mais recursos, mas não podemos deixar de reconhecer os esforços do governo. Alagoas está no caminho certo”, concluiu.

A fala do líder do governo foi questionada pelos deputados Judson Cabral (PT) e Flávia Cavalcante (PMDB) em relação às escolas recuperadas. Os parlamentares alegaram que Gaia estava ‘desinformado’, já que várias escolas, inclusive as afetadas pela cheia de 2011, ainda não foram reformadas ou erguidas.

A deputada peemedebista também cobrou uma solução para a violência: “A gente sai de casa e não sabe se vai voltar. Ninguém aguenta mais. Alagoas tem pressa. Muita pressa para que seja resolvida a violência. Queremos paz. Sair e voltar para casa tranquilos”.