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Polícia investiga compra de visualizações na internet pela igreja de pastor Marcos

As estratégias usadas para a divulgação de vídeos e mensagens de apoio a Pereira são pouco ortodoxas: a Polícia Civil investiga a compra de "pacotes de amigos" no Facebook e de visualizações no Youtube por parte da igreja.

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Polícia investiga se perfil de igreja comprou seguidores

Enquanto o pastor Marcos Pereira permanece preso preventivamente sob a acusação de ter estuprado duas fiéis, a direção da Assembleia de Deus dos Últimos Dias (ADUD) tenta provar a inocência de seu líder na internet. Entretanto, as estratégias usadas para a divulgação de vídeos e mensagens de apoio a Pereira são pouco ortodoxas: a Polícia Civil investiga a compra de "pacotes de amigos" no Facebook e de visualizações no Youtube por parte da igreja.

— Vamos analisar os perfis da igreja nas redes para saber se há alguma irregularidade. Entretanto, para que haja crime, é preciso que a vítima, no caso a rede social atingida, compareça à delegacia — afirma Gilson Perdigão, titular da Delegacia de Repressão a Crimes de Informática.

No YouTube, o vídeo do canal da ADUD com mais visualizações desde a prisão é uma filmagem de um depoimento da esposa do pastor, Ana Madureira, 58 anos, negando que tenha sido estuprada. O vídeo tem mais de 800 mil visualizações, sendo que, desse total, segundo a métrica do próprio Youtube, 750 mil foram contabilizadas em cinco dias — uma média de 104 acessos por minuto, o que despertou a suspeita de agentes da polícia. Já a página do Facebook da igreja tem 11 mil amigos.

Marcelo Patrício, advogado do pastor e a igreja, nega a acusação e afirma que a ADUD vem usando a internet como forma de "driblar um boicote da polícia e da imprensa ao pastor".

— A internet é a única forma que temos para nos defender, de mostrar o outro lado — alega Patrício.

O delegado Márcio Mendonça, da Delegacia de Combate às Drogas (DCOD), que investiga o pastor pelos crimes de homicídio e associação ao tráfico, afirma que os vídeos não valem como depoimento no inquérito.

Em nota, a Google, que administra o YouTube, informou que "leva a sério qualquer abuso contra nossos sistemas e toma medidas contra esses fraudadores, incluindo a exclusão de suas contas no YouTube". A empresa, entretanto, não informou se vai procurar a delegacia para denunciar a igreja.

O Facebook afirma que "se os sistemas de fraude do Facebook detectarem que sua página tem ligação com fraudes, colocaremos limites para prevenir violações".