Pão e Circo
Comentados em todas as esferas, os protestos ocorridos em várias partes do País repercutiram de forma curiosa e com um viés partidário na sessão desta terça-feira, 18, na Assembleia Legislativa de Alagoas (ALE). Judson Cabral (PT) foi alvo de críticas dos colegas depois que recriminou os atos de vandalismo cometidos por alguns manifestantes na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (ALERJ).
Em aparte, Temóteo Correia (DEM) aproveitou para criticar a inércia do Governo Federal em relação à tarifa do transporte público e até a entrega – considerada desnecessária por ele – de máquinas agrícolas, como retroescavadeiras e motoniveladoras, a 26 municípios alagoanos na semana passada.
Também em aparte, Antonio Albuquerque (PTdoB) classificou de ‘conservador’ o pronunciamento de Cabral. “O que está acontecendo no Brasil não é por conta do aumento de 20 centavos na passagem em São Paulo. É um clamor popular pela mudança radical no modelo em vigor no País”, destacou.
Albuquerque disse que seria injusto negar os benefícios dos governos de Lula e Dilma Roussef, mas frisou que é preciso admitir que ‘vivemos quase uma convulsão social’. O parlamentar ainda criticou a criação de um ‘cadastro oficial eleitoreiro’ pelo Governo Federal, em referência a programas como o Bolsa Família, e a sucumbência financeira da classe produtora: “Não dá para alavancar o País com esta política”.
O deputado também minimizou os ataques à ALERJ, creditando-os a atitude de um número reduzido de manifestantes e se disse ‘ofendido’ com os valores gastos para a reforma e construção de estádios para a Copa do Mundo com tanta miséria no País: “O Brasil foi para a rua para dizer que pão e circo não convencem mais”.
Em resposta aos colegas, Judson Cabral lembrou que é favorável as manifestações democráticas, mas que há grupos minoritários infiltrados nos movimentos. “Se aquilo que vimos na Assembleia do Rio de Janeiro não for vandalismo, eu não entendo o que é. Quando os policiais protestaram aqui nesta Assembleia, foram chamados de vândalos injustamente, mas na ALERJ houve vandalismo, sim!”.
Ronaldo Medeiros (PT) acrescentou que era falta de coerência dos parlamentares defenderem que o protesto realizado por policiais civis e militares em frente ao prédio da ALE em maio de 2011, foi vandalismo, mas na ALERJ não. “Apoiamos o movimento, mas com organização e decência”.
Curiosamente, na sessão ocorrida após o protesto de 2011, Judson Cabral concordou que houve excessos por parte dos manifestantes, mas disse não aceitar o fato de Albuquerque classificá-los de vândalos.
Albuquerque frisou que houve uma tentativa de homicídio, um atentado contra o Poder Legislativo: "As imagens não deixam dúvidas de que se tratam de vândalos e esta Casa não pode receber esses responsáveis pela agressão contra o Poder Legislativo sem antes serem responsabilizados criminalmente", afirmou.
Os deputados Olavo Calheiros (PMDB), Ronaldo Medeiros (PT), João Henrique Caldas (PTN), Inácio Loiola (PSDB), Joãozinho Pereira (PSDB), Ricardo Nezinho também participaram do debate na sessão desta terça-feira.