Até 100 anos atrás, o Brasil não contava com fusos horários. O relógio era ditado segundo conveniências regionais. O país só pôs ordem no tempo em 1913, quando um decreto estabeleceu a Hora Legal Brasileira (HLB), partilhando o território em quatro fusos, do Acre aos arquipélagos de Trindade e Fernando de Noronha.
A história dos fusos começou a ser escrita em 1884, quando os EUA sediaram a Conferência Internacional do Meridiano. O encontro reconheceu uma linha que passaria por Greenwich, na Inglaterra, como a referência das longitudes do planeta. Era exatamente naquele ponto que se dividia os hemisférios ocidental e oriental.
A origem das longitudes, porém, só foi referendada em 1912, na Primeira Conferência Internacional da Hora. Como o planeta precisa de uma hora para girar 15 graus, este é o espaço, na esfera terrestre, ocupado por cada fuso. O Brasil adotou o sistema de fusos no ano seguinte.
Mas as linhas criadas a partir da conferência não são necessariamente retas. Podem haver alguns deslizes dentro de cada faixa. Do contrário, o Pará, por exemplo, seria dividido em dois fusos. Por praticidade, o governo brasileiro preferiu colocá-lo inteiramente com o mesmo horário.
— Ainda assim, não foi possível inserir todo o país em apenas um fuso. O Brasil é grande demais — explica Ricardo José de Carvalho, chefe da Divisão Serviço da Hora do Observatório Nacional (ON).
Atualmente, o Brasil tem três fusos. O mais próximo a Greenwich corresponde apenas aos arquipélagos de Trindade e Fernando de Noronha. O intermediário e mais amplo abrange 20 estados, além do Distrito Federal. A terceira faixa e mais “atrasada” é ocupada por Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Rondônia, Roraima, Acre e Amazonas.
— Só na última década o Brasil aboliu o quarto fuso, que valeu por quase um século e contava apenas com o Acre e o Oeste de Rondônia — lembra Carvalho. — Agora, eles estão anexados à terceira faixa.
A hora é gerada por um conjunto de relógios atômicos — um equipamento cuja referência é o átomo de césio. A oscilação deste átomo gera o segundo atômico; sua aglomeração compõe minutos, horas e dias.
Há, no país, 12 relógios atômicos, sendo nove no Observatório Nacional. Suas medições são comparadas e a média obtida é a HLB.
Carvalho fará uma palestra sobre a HLB hoje, na sede do Observatório (Rua General José Cristino 77, São Cristóvão), seguida pela exibição do filme “A medida do tempo”. Começa às 14h. Em ponto.
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