6ª Bienal do Livro destaca entrelaçamento de Brasil e Portugal
O mote “Descobrir nas palavras a magia dos sentidos” é o enunciado da 6ª Bienal Internacional do Livro de Alagoas, a ser realizada entre os dias 25 de outubro e 3 de novembro, no Centro Cultural e de Exposições Ruth Cardoso, em Maceió. Neste ano, o entrelaçamento de Brasil e Portugal é o marco conceitual do evento, que prevê público de aproximadamente 200 mil pessoas. Na segunda-feira (17), a organização da Bienal esteve reunida, na sede da Editora da Universidade Federal de Alagoas (Edufal), com o Cônsul Honorário de Portugal em Maceió, Edgard Barbosa, para discutir parceria.
O maior evento literário alagoano irá estender as comemorações ao Ano Brasil Portugal – sequência de celebrações do Brasil com um País ligado diretamente à sua história, seja por meio dos colonizadores ou de imigrantes aqui instalados. As atividades tiveram início em 7 de setembro de 2012, Dia da Independência do Brasil, e encerramento em 10 de junho de 2013, Dia de Portugal.
Para celebrar as raízes firmadas pelos dois países, a 6ª Bienal alagoana aborda transição da manifestação poética dos trovadores portugueses à literatura de cordel brasileira. No total, serão 4.727 m² voltados para exposição das mais variadas formas de expressão, palestras, oficinas e grandes atrações nacionais e internacionais.
Para o cônsul honorário Edgard Barbosa, a homenagem à cultura lusitana surge em momento oportuno. “A nova edição da Bienal é um grande presente. Esse é um momento para fazer Portugal olhar para Maceió, de modo que promova mais intercâmbio cultural e comercial. Além disso, é uma oportunidade importantíssima para valorização das editoras portuguesas, que vivenciam momento difícil devido à crise econômica”, destacou.
Responsável pela proteção de interesses de empresas e indivíduos portugueses instalados na terra dos marechais, Barbosa ressalta a importância do Consulado para a divulgação da 6ª Bienal Internacional do Livro. “Meu papel está direcionado aos imigrantes. Assim, atuo como elo facilitador em momentos de emergência. Como tenho acesso aos portugueses e aos luso-descendentes que residem em Alagoas, tentarei mobilizá-los para o evento e trazer personalidades de Portugal. Nosso objetivo é enriquecer ainda mais o evento”, salientou Edgard Barbosa.
De acordo com o cônsul, dois terços dos portugueses não moram na própria pátria. Em 2010, dado oficial apontava para mais de 500 lusitanos em Maceió, número que deve ter dobrado nos últimos três anos, visto que a informação não inclui luso-brasileiros e estudantes portugueses que estão aqui de passagem.
A diretora da Edufal, Stela Lameiras, apontou os motivos para a escolha da temática desta edição do evento. “A gente sabia que esse era o ano do entrelaçamento de Brasil e Portugal. Por isso, nós buscamos refletir sobre quem somos agora e sobre o contexto de fusão desses dois países, que são modernos, dinâmicos e plurais. Nossa herança na Literatura já justifica o percurso do trovadorismo português à literatura de cordel brasileira. Portugal já estaria na homenagem a partir da própria Literatura. A cultura brasileira, nordestina e alagoana souberam recriar e reconfigurar sua história a partir de influências da cultura lusitana. Culturalmente, o Nordeste possui clima de pluralidade… E nada melhor do que ir até a origem desse processo”, justificou.
Stela também anunciou algumas atrações da 6ª Bienal Internacional do Livro. A abertura oficial do evento contará com pocket show da cantora portuguesa, radicada em Maceió, Irina Costa, e do ícone do cordel alagoano, Jorge Calheiros. O paraibano Ariano Suassuna também já está confirmado, com palestra prevista para 29 de outubro.
Para Lameiras, Suassuna representa toda a proposta do evento. “Ariano vai muito na direção da relação sem fronteiras, no espaço e no tempo. Qualquer estudioso português do trovadorismo pode encontrar em Ariano uma influência. O nosso convidado sai para o espaço das ideias e das culturas”, lembrou.
Entre as atrações internacionais, o mais esperado é o lusitano Boaventura de Sousa Santos, professor catedrático jubilado da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra e Distinguished Legal Scholar da Faculdade de Direito da Universidade de Wisconsin-Madison e Global Legal Scholar da Universidade de Warwick. Boaventura também é diretor do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra e coordenador científico do Observatório Permanente da Justiça Portuguesa. Na Bienal, ele fará apresentação na tarde do dia 27 de outubro.