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Atropelador chama manifestantes de bandidos, mas se diz arrependido

Empresário disse ter acelerado por medo de ser agredido por manifestantes.

EPTV

‘Estou arrependido, não queria ter feito isso’, diz

Após ser indiciado pela morte de um estudante de 18 anos durante uma manifestação em Ribeirão Preto (SP), o suspeito de ter atropelado o jovem e outras 12 pessoas disse estar arrependido. Em entrevista exclusiva ao G1, o empresário Alexsandro Ishisato de Azevedo, afirmou ter acelerado o carro modelo SUV sobre o grupo porque teve medo de ser agredido pelos manifestantes, que classificou como "bandidos."

“Eu estou arrependido, não queria ter feito isso, não queria tirar a vida de ninguém. Isso não é da minha índole. Não era um monte de estudante de verdade, era um bando de bandidos. Só tinha bandidos. Eles gritavam “eu sou bandido mesmo”. Eles davam paulada [no carro], me xingavam. Eu só queria sair dali, longe de mim querer fazer mal para alguém”, afirmou o empresário, que também é lutador de jiu jitsu.

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Ishisato fugiu do local sem prestar socorro às vítimas, na noite da última quinta-feira (20), e desde então está sendo procurado pela polícia. O veículo modelo SUV foi apreendido na casa do empresário, em um condomínio de luxo na Zona Sul de Ribeirão. Após ser periciado, foi constatado que o carro apresentava marcas de pés e parte do vidro do passageiro e uma lanterna quebrados.

Por telefone, o empresário não revelou onde se refugiou com a mulher, mas confirmou que não está em Ribeirão Preto. “Qualquer um que passasse pelo que eu passei, faria a mesma coisa. Eu estou com um corte de cinco centímetros na cabeça e só não fui fazer exame de corpo de delito porque eles vão me prender. Eu não quero ir preso, eu não sou bandido.”

A versão
O empresário contou que saía do estacionamento de um supermercado no cruzamento da Rua Professor João Fiúsa e da Avenida José Adolfo Bianco Molina, quando se deparou com o grupo de manifestantes bloqueando o trânsito. No carro estavam apenas ele e a mulher. Os jovens teriam impedido a passagem e chutado o veículo.

“Eu abri a janela e disse ‘Por que vocês estão fazendo isso?’ e eles começaram a bater na traseira do carro. Só não me espancaram porque o carro era blindado. Então eu pensei ‘Se não dá para ir para trás, eu vou para frente. Vou esperar eles darem um jeito de estourar um vidro e machucar minha esposa?”, afirmou Ichisato, negando estar alcoolizado. “Eu não bebo.”

Um jovem que participava do protesto filmou a confusão. As imagens mostram o carro do empresário parando diante dos manifestantes, que pedem para que ele recue. Depois de uma discussão, Ishisato engata a ré e passa a ser ofendido por algumas pessoas. Nesse momento, ele acelera o veículo e avança sobre o grupo que estava no meio da rua. O estudante Marcos Delefrate, de 18 anos, morreu no local, vítima de traumatismo craniano. Outras 12 pessoas ficaram feridas.

Família
Ishisato disse que não consegue dormir desde a noite de quinta-feira e que toda a família está abalada com a repercussão do caso. Segundo ele, a filha de 15 anos não quer mais falar com ele e a mulher acabou perdendo um bebê que esperava há um mês, após sofrer uma hemorragia em casa.

“Minha filha não quer olhar na minha cara. Ela é a coisa que eu mais amo na vida. Estão querendo fazer sensacionalismo nas minhas costas. Só espero que isso tudo acabe logo”, desabafou o jovem, dizendo não saber quando se entregará a polícia. “Eu queria me entregar em 24 horas, mas o meu advogado disse que se eu for para a rua vão me linchar. Estou esperando.”