Em duelo de já eliminados, o México venceu o Japão por 2 a 1 no Mineirão, e muitos dos 52 mil torcedores presentes no estádio pareciam prestar mais atenção no que ouviam no rádio e viam nas redes sociais, via telefone celular. Queriam saber como estava o jogo entre Brasil e Itália, em Salvador, e também das manifestações que partiram do centro de Belo Horizonte e chegaram bem perto do estádio, sendo dispersadas à força pelo batalhão de choque.
O clima de insatisfação popular estava no ar. Cartazes eram impedidos de entrar no Mineirão. Quem conseguiu driblar a fiscalização e entrou com mensagens em cartolinas era “convidado a se retirar”. Não havia, porém, como calar o torcedor. O grito de “Sou brasileiro, com muito orgulho” ecoou no Mineirão. Os poucos torcedores japoneses e mexicanos pareciam não entender. Queriam saber do jogo. E ele foi de dois tempos bem diferentes.
No primeiro, o Japão foi melhor, mas não conseguiu abrir o placar. No segundo, o México se aproveitou da fraca defesa japonesa para marcar dois gols pelo alto (ambos de Chicharito, que ainda errou um pênalti). Okazaki descontou.
Japão e México se despedem da Copa das Confederações com a sensação de que têm bons times e estão no caminho certo, mas de que ainda falta muita coisa a ser acertada para a Copa do Mundo – sendo que os mexicanos ainda nem garantiram presença. Os japoneses, apesar de terem perdido seus três jogos, deixaram uma imagem bem mais simpática, ao retribuírem com acenos o apoio do torcedor mineiro, enquanto os mexicanos se mandavam rapidamente para os vestiários.
Japoneses pressionam, mexicanos assustam
Abraçado pela torcida mineira, o Japão começou melhor. Com o atacante Okazaki aberto pela direita, Kagawa na esquerda e Honda centralizado, aproximando-se de Maeda, o time asiático tocava a bola com velocidade, envolvendo os mexicanos. Os volantes Endo e Hosogai e os laterais Hiroki Sakai e Nagatomo também se apresentavam no ataque – um de cada vez, sempre se revezando, de forma que o time atacasse com cinco e preservasse cinco na defesa. Tudo em ordem, com disciplinam como manda o figurino japonês.
O México, por sua vez, mostrava-se uma equipe preguiçosa. Com exceção do capitão Torrado, que tentava centralizar a distribuição de jogo, à frente da zaga, ninguém se apresentava para receber. Giovani dos Santos se escondeu na direita. Javier Hernández aceitou a marcação. E o Japão chamou o jogo para si.
Endo, chegando de trás, marcou aos 8, mas o gol foi anulado – a bola bateu em Okazaki, em posição duvidosa. Honda teve boa chance aos 24. A torcida incentivava, e o Japão pressionava. O gol parecia questão de tempo. Faltava uma boa finalização. Honda e Kagawa, as estrelas do time, chegaram a “furar”. Maeda, o centroavante, destoava em técnica dos demais.
E os mexicanos passaram a equilibrar o jogo. Giovani não é gigante, mas acordou. Chicharito também passou a se movimentar mais. E a melhor chance acabou sendo de Guardado. Aos 39, Torres cruzou da esquerda, e o meia, sozinho, cabeceou na trave.
Chicharito decide o jogo
O México voltou bem melhor no segundo tempo. Jimenez teve ótima chance aos 6, em escanteio. Kawashima pegou. Dois minutos depois, Guardado cruzou da esquerda, Chicharito se adiantou ao goleiro e desviou de cabeça. Gol de centroavante.
As melhores chances do México saíam pela direita da zaga japonesa. O técnico Alberto Zaccheroni percebeu e trocou seus laterais – tirou Hiroki Sakai e colocou Uchida, que era o titular até o jogo contra a Itália. O México passou a jogar pelo outro lado. Giovani dos Santos quase fez o segundo, aos 14.
O Japão só voltou a melhorar quando Kagawa recuou para buscar o jogo. Na melhor chance japonesa, aos 16, o meia do Manchester United serviu Maeda. O atacante teve tempo de ajeitar, mirar e bater para fora. Foi o último lance do centroavante, trocado por um zagueiro na sequência – Yoshida.
Sim, mesmo perdendo, Zaccheroni colocou um defensor no lugar de um atacante. O Japão passou a jogar no 3-4-3, esquema tático predileto do treinador em seus tempos de Milan, Inter e Juventus. Okazaki, Honda e Kagawa formavam o trio ofensivo, e os laterais passaram a se mandar como alas.
As tentativas de empate levaram um duro golpe aos 20 minutos. Num daqueles lances em que a tal inexperiência japonesa se mostra evidente, em escanteio da direita, Mier correu no primeiro pau e desviou para Chicharito no segundo. Malandro, o mexicano ainda empurrou seu marcador antes de desviar de cabeça para ampliar o marcador.
A partir daí, os torcedores mexicanos, que eram minoria no estádio, se fizeram ouvir com gritos de “olé” – não custa lembrar, são eles que levaram para os estádios esse tipo de manifestação, migrada das touradas. Já os brasileiros desistiram de apoiar os japoneses e passaram a prestar mais atenção nas informações que vinham da partida em Salvador. Os gols de Neymar e Fred contra a Itália foram mais comemorados no Mineirão do que os dois de Chicharito.
O México tentava segurar o jogo, e o Japão foi pra cima. Okazaki descontou, aos 40, em boa jogada de Kagawa. Gol de honra. Mexicanos e japoneses se despediram da Copa das Confederações deixando claro que têm bons times, mas ainda estão abaixo de potências como Espanha, Brasil e Itália.
Chicharito Hernández poderia ter se consagrado de vez aos 46 do segundo tempo. Derrubado na área por Yoshida, ele mesmo foi para a cobrança de pênalti, mas Kawashima defendeu. O rebote ficou com o atacante, mas ele soltou a pancada e acabou acertando o travessão.