O Banco Central reduziu sua estimativa de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB – soma de todas as riquezas do País) deste ano a 2,7%, ante 3,1% previstos até então, ao mesmo tempo em que piorou sua perspectiva para inflação em 2013 e em 2014.
Segundo o Relatório Trimestral de Inflação, divulgado nesta quinta-feira, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação, ficará em 6% neste ano pelo cenário de referência, ante previsão anterior de 5,7%, e em 5,4% em 2014, acima da estimativa anterior, de 5,3%.
O desempenho do PIB para este ano é o mesmo visto em 2011, primeiro ano de governo da presidente Dilma Rousseff. No ano passado, o PIB cresceu apenas 0,9%. A previsão do BC para este ano ainda é melhor do que a colhida na pesquisa Focus, que aponta expansão de 2,46%.
O BC argumenta que os indicadores de atividades já vistos no segundo trimestre sugerem continuidade da recuperação, como a retomada da indústria e a continuidade da expansão do consumo das famílias. A perspectiva de inflação, no entanto, piorou na visão do BC.
Conforme o BC, o IPCA voltará a estourar o teto da meta do governo no segundo trimestre deste ano no acumulado em 12 meses, chegando a 6,8%, recuando a 6,2% no terceiro trimestre e a 6% no quarto trimestre. A meta de inflação é de 4,5%, com tolerância de 2 pontos percentuais.
O BC destacou que a maior volatilidade e "tendência de apreciação" do dólar são riscos considerados, apesar de defender que na última década o repasse da depreciação cambial para a inflação diminuiu. "Além disso, esse repasse tende a ser suavizado pelo ciclo de ajuste da política monetária ora em curso", trouxe o relatório, acrescentando que a inflação em 12 meses ainda apresenta tendência de elevação e que o balanço de riscos para o cenário prospectivo é desfavorável.
O dólar, até a véspera, acumulava alta de 2% ante o real no mês, mas chegou a subir cerca de 5% no mês em seu pior momento, quando ultrapassou o patamar de 2,25 reais, sob a expectativa de que o Federal Reserve (FED, banco central americano), possa reduzir seu programa de estímulos e, consequentemente, diminuir a liquidez internacional.
O BC iniciou novo ciclo de aperto monetário em abril passado, quando tirou a Selic da mínima histórica de 7,25% ao ano para 7,5%, mas acelerou o passo em maio e já elevou a taxa básica de juros ao atual patamar de 8%. Os agentes econômicos acreditam que a autoridade monetária vai continuar o movimento e já há quem acredite que, em julho, o Comitê de Política Monetária (Copom) vai aumentar a Selic em 0,75%, como mostra a maioria das apostas no mercado futuro de juros. O IPCA de maio, em 12 meses, estava em 6,49%, ligeiramento abaixo do teto da meta do governo., de 6,5%.