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Brasileiro se prepara para lançar rede social dos mortos

Ela pronunciava palavras incompreensíveis diante de um ossário.

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RIP: Dinart Azevedo, criador da Reviva Vida, quer oferecer programação

O empresário Dinart Azevedo esqueceu na parte central do cemitério São Vicente, na Baixada Santista, um mouse. Foi buscá-lo durante a noite. Em meio ao silêncio sepulcral, ele se deparou com uma mulher de cerca de 45 anos vestida de negro. Ela pronunciava palavras incompreensíveis diante de um ossário. Azevedo se assustou ao perceber que a estranha dama tinha uma galinha morta em meio a velas. Parece história de um filme de terror B? Pois esse foi um dos percalços pelos quais Azevedo, 30 anos, passou nos seis meses em que morou na sede administrativa do São Vicente, em 2010.
“Tinha esquecido o equipamento porque estava mapeando as tumbas durante o dia”, diz ele, que tinha como missão criar um software para a administração do local, considerando todas as peculiaridades desse segmento. O trabalho deu origem à empresa Sysgrave, que fornece programas para outros três cemitérios de São Paulo. Agora, ele quer dar um passo ainda mais ousado: criar a rede social Reviva Vida, para cultuar a memória de pessoas já falecidas. O serviço está em fase de testes com cerca de 100 perfis – o empresário pretende lançar a versão final no começo de 2014. Quem vai controlar a exposição do perfil e seus vínculos de amizade é a família do morto.

Será possível, por exemplo, criar um site com dados biográficos do homenageado, agregar depoimentos, publicar fotos, vídeos, entre outros recursos. Há no mundo outras iniciativas para lidar com esse mesmo “público” (veja box), mas nenhuma integrada com a gestão da necrópole como a Reviva Vida. A ideia é que os cemitérios ofereçam a rede social como um serviço extra às famílias. No futuro, Dinart pretende comercializar a Reviva Vida como um produto. “Por enquanto, isso não é possível porque a adaptação para cada cemitério não é tarefa fácil”, afirma.

“Tenho de lidar com as peculiaridades das religiões, cada uma com procedimentos específicos.” Para conseguir alcançar seus objetivos, Azevedo conta com o apoio da Microsoft. A criadora do Windows o incluiu no programa BizSpark, que incentiva o desenvolvimento de start-ups. A Microsoft oferece às pequenas empresas acesso gratuito às suas tecnologias, incluindo a plataforma de computação em nuvem Windows Azure. “O Sysgrave estará disponível para uso na nuvem em breve”, afirma Azevedo, que sonha alto com o sistema de administração da memória de quem já passou dessa para uma melhor.