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Dilatação pré-parto pode ser monitorada por celular

Sensor instalado no colo do útero transmite informações por Bluetooth a um receptor que mostra os centímetros de dilatação em tempo real.

Uma invenção desenvolvida em Israel permite que mulheres às vésperas do parto possam monitorar sozinhas a abertura do colo do útero para saber o momento certo de se deslocar ao hospital para dar à luz, sem ter de passar por inúmeros exames manuais realizados geralmente por ginecologistas.

O dispositivo foi desenvolvido pela engenheira médica Maayan Pokshivka como projeto de finalização de curso na Faculdade Afeka, em Tel Aviv. Trata-se de um sensor do tamanho de uma moeda de 1 dólar, que é instalado no colo do útero e transmite informações pela tecnologia Bluetooth a um aparelho receptor – que pode, por exemplo, estar em uma pulseira no braço da mulher, em seu telefone celular, ou no próprio hospital.

"A ideia foi do meu professor, David Ron, e eu imediatamente me entusiasmei e resolvi tentar desenvolver um protótipo", disse Pokshivka à BBC Brasil. Ela levou um ano para desenvolver o protótipo.

"O que espanta é o fato de que, atualmente, com tantas novas tecnologias sendo usadas na área médica, mulheres ainda são sujeitas a exames manuais para monitorar a abertura do colo do útero, principalmente em um momento tão crucial na vida dela, quando estão prestes a trazer uma nova vida ao mundo", disse ela.

Para Yael Danay Menuhin, diretora de projetos no departamento de Engenharia Médica da Faculdade, a invenção "irá poupar muito incômodo para as mulheres e muito trabalho, tempo e dinheiro para os hospitais".

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"O exame utilizado atualmente, no mundo inteiro, é incômodo e inexato", afirma a engenheira médica. De acordo com ela, os médicos ou enfermeiros que examinam manualmente as mulheres antes do parto, se baseiam em uma sensação "subjetiva".

"Com o sensor que desenvolvemos a medição será exata e a mulher poderá saber quando é o momento certo para se deslocar a um hospital, ela própria poderá acompanhar a abertura do colo do útero", disse Menuhin.

Poder

Para Pokshivka, a invenção também contribui para o "empoderamento" das mulheres, que obtêm mais controle sobre o que ocorre com seus próprios corpos. De acordo com Menuhin, o momento ideal para que a mulher no pré-parto se dirija ao hospital se dá quando a abertura no colo do útero for de cerca de 8 centímetros.

A abertura tida como ideal para o parto é de 10 centímetros.
"Com o dispositivo, as mulheres não terão que passar por inúmeros exames incômodos e os médicos não terão que perder tempo com esse monitoramento. Eles receberão as pacientes praticamente prontas para o parto", afirmou.

De acordo com ela, Maayan Pokshivka desenvolveu o primeiro protótipo que funciona, "do ponto de vista da engenharia médica".

"São necessários testes clínicos e o dispositivo ainda tem de obter a aprovação das autoridades". Se não houver empecilhos burocráticos e econômicos, a cientista acredita que o novo aparelho poderá ser comercializado dentro de cerca de um ano.

Ressalva

Um especialista brasileiro consultado pela BBC Brasil ainda vê com ressalva a utilização de aparelhos eletrônicos na avaliação do trabalho de parto de uma mulher. Para Geraldo Dutra, ginecologista e professor da Universidade de São Paulo (unidade de Ribeirão Preto), é preciso avaliar com cuidado o uso de novas tecnologias como a da universidade de Tel Aviv para o controle do trabalho de parto.

Para ele, uma equipe médica muitas vezes é fundamental para avaliar "outros riscos que a mulher grávida pode ter durante o período crucial que antecede o saída do bebê do útero".

"Durante o acompanhamento de uma mulher que está prestes a dar à luz, não é apenas a dilatação que é verificada, mas outros fatores, tais como a frequência das contrações do útero, a intensidade dessas contrações e também o movimento de descida do feto", explica.

"Se um aparelho como este não possuir uma precisão para verificar todas as variáveis existentes para decidirmos o melhor momento para o parto, não poderá substituir o trabalho de uma equipe médica", afirma.

Dutra ainda comenta que, além da controle de dilatação manual feito nos hospitais brasileiros, "as equipes médicas precisam muitas vezes verificar a saúde do bebê no momento que antecede o nascimento, principalmente nos casos de gravidez de risco, o que não pode ser feito em casa", finaliza.