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População e movimento nas ruas: a palavra com a presidente

Nos últimos dias, timidamente, movimentos sociais e sindicais têm se mobilizado para também manifestar que existem.

O Brasil presenciou em semanas passadas, repentinamente, população nas ruas, articulando concentração em praças, paralisando vias públicas, protestando e manifestando reivindicação as mais variadas e difusas possíveis, além de ações de baderneiros e vândalos. Nos últimos dias, timidamente, movimentos sociais e sindicais têm se mobilizado para também manifestar que existem.

Para governistas, oposição, mídia e intelectuais – estes, com honrosas e benéficas exceções! -, parecia que, até então, tudo estava resolvido no país: as regras do jogo consolidado, as instituições cumprindo o seu papel e a população satisfeita, restava esperar o final de semana para tomar a cervejinha e assistir aos jogos das Confederações, Copa do Mundo e Olimpíadas.

Isto respaldado no reconhecimento de que Brasil avançou, na última década, no campo da economia e das políticas públicas destinadas à população secularmente excluída dos bens produzidos pelo Estado moderno. Constata-se isso diretamente na situação em que se encontram os segmentos beneficiados – favelados, indígenas, negros, mulheres, crianças, trabalhadores, sem terra, sem moradia -, como também, de forma indireta, nos discursos dos setores neoliberais e mercantilistas da sociedade, expressos no combate ao Estado de bem estar social e na defesa da volta das políticas privatistas e das regras duras do mercado.

Posto isto, indiscutivelmente, verifica-se a disputa entre o modelo do PT e do PSDB. Dois modelos em disputa. Nada mais salutar numa sociedade, como é o caso da brasileira, que almeja construir um Estado democrático. Mas, com a implementação das políticas compensatórias, esvaziou o discurso da oposição e acomodou as ações do governo, visto que o Partido dos Trabalhadores foi levado ao poder máximo do país para fazer reformas profundas, fazer reforma agrária, demarcar as terras indígenas, gerir o Estado com efetiva participação popular, com ética e transparências.

Consolidou-se o fosso entre a população e instituições – poderes executivo, legislativo, judiciário, partido políticos e movimento organizado.

Parte da agenda está sendo cumprida, com a inserção no mercado de uma massa significativa da população, através da distribuição de renda e benefícios sociais; oportunidades na área da educação e de emprego. A outra parte, mais complicada e desafiadora, está emperrada nos entraves burocráticos, políticos e jurídicos e não dialogar com a sociedade, mas limitar-se às alianças e acordos com setores que o combateu desde o seu nascimento! E, diga-se de passagem, inimigos dos pobres, marginalizados, excluídos e trabalhadores. Vale aqui o ditado popular: chamar a raposa para cuidar das galinhas.

Por isso, o surpreendente não é ver a população nas ruas, mas é ver o núcleo duro do PT não fazer esta leitura! Não há nada de novo na articulação da juventude via redes sociais, o mesmo aconteceu na chamada primavera Árabe e na Europa. No caso do Brasil, quem estava ruas, era a geração pós-regime militar de 1964-1985, que não participou da luta política e nem da construção da cidadania.
Socialmente, há muito tempo já deveria ter ido para as ruas!

A chamada grande mídia radiofônica, escrita e audiovisual, criminalizou-a; mas, de repente, de forma oportunista, seus editoriais mudaram, passaram a apoiar. E a direita reacionária e seus modernos seguidores oportunistas, nunca afeitos e nem adeptos da ética, da transparência e muito menos de políticas públicas que beneficiem a maioria da população, imediatamente tentaram canalizar ensaiando um discurso de oposição em direção aos governos do PT.

É exatamente aí onde se encontra o gargalo da atual conjuntura brasileira! A sociedade apontou na direção de que as conquistas sociais avancem na qualidade, como a educação, a saúde e o transporte; e que, da parte e responsabilidade da presidente Dilma Rousseff, Congresso Nacional e do Judiciário, cumpram com as suas funções, efetivando as mudanças estruturais pautadas pela sociedade.

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