Aos 38 anos, meia inicia sua terceira passagem pelo Vasco, diz que quer enfrentar Fluminense no dia 21 e dá a entender que para no fim do ano.
Há menos de duas semanas, Juninho Pernambucano pensava se encerrava ou não a carreira. Aos 38 anos, rescindiu seu contrato com o New York RB, dos Estados Unidos, após se desentender com o treinador, dois anos mais novo. No entanto, um telefonema do presidente Roberto Dinamite acertou seu terceiro retorno ao Vasco, e o meia já planeja sua estreia para o dia 21, no clássico de reabertura do Maracanã, diante do Fluminense.
– Se eu for inscrito, fisicamente estou disposto a ir para o jogo, sim. Meu último jogo no Maracanã pelo Vasco tem recordação bem positiva, na final da Copa João Havelange – disse Juninho em sua apresentação, após receber a camisa 8 das mãos de Pedro Ken, o antigo dono.
Na longa entrevista coletiva que concedeu nesta sexta-feira, na sede do clube, o meia abordou diversos temas, contou em detalhes sua briga com o técnico nos Estados Unidos, falou que deve pendurar a chuteira em dezembro e revelou que o clima não era dos melhores no elenco vascaíno em sua última passagem.
– Não houve problemas com resultado, houve ciúmes no elenco, o que é muito difícil de analisar, eu entendo, todo mundo tem a sua vida – declarou Juninho, que pelo contrato assinado até dezembro irá receber apenas um salário mínimo e parcelas da antiga dívida com o Vasco.
Confira os principais trechos da entrevista de Juninho:
Briga nos EUA
Eu tinha combinado com o preparador de não treinar na sexta, o treinador não gostou. No sábado, o treinador me comunicou que eu não iria jogar no domingo. Eu achei que era uma retaliação e comuniquei que seria meu último dia no clube. Eu tinha a intenção de parar de jogar. Rescindi meu contrato na quarta-feira. O primeiro clube a me procurar não foi o Vasco, mas, depois que o Roberto ligou e falou que contava comigo, fizemos um acordo e espero que eu possa ajudar.
Opção pelo Vasco
Desde o momento em que rescindi, eu tinha três opções: parar de jogar, jogar em outro clube e voltar ao Vasco para encerrar minha carreira. O Vasco é um clube que vive em eterna briga política, existe um esforço para que tudo melhore, é claro que vou continuar sendo alvo de algumas pessoas, principalmente para atingir o presidente. Eu acho que seria pior minha atitude de jogar em outro clube do que a atitude de ter falado do clube e agora voltar
Segredos da longevidade
Graças a Deus nunca tive uma contusão séria, e isso me ajuda a jogar até hoje. Mas tem o Seedorf, o Zé Roberto, o Alex, de quem sou muito fã. Acho que se cuidando, treinando muito e sem ter contusão é possível prolongar a carreira.
Reencontro com Ricardo Gomes
É um prazer ver o Ricardo ao meu lado hoje depois de tudo que aconteceu. O momento ainda é difícil no clube, mas existe o esforço concreto para que as coisas mudem. Meu desafio é repetir o que fiz no ano passado. Reconheço que não joguei no mesmo nível nesses cinco meses nos Estados Unidos, mas estou bem fisicamente para me recuperar.Cobranças da torcida
É natural, sempre normal que os jogadores considerados ídolos da torcida de um clube sejam mais vistos ou mais cobrados, considerados um termômetro, até pela minha posição ou passagem recente. Serão cinco meses intensos, tem mais 32 ou 34 rodadas, mais Copa do Brasil. Quero ser mais um e ajudar. Dorival hoje reuniu todos e avisou que vai precisar de todo mundo.
Reestreia contra o Flu
Se eu for inscrito, fisicamente estou disposto a ir para o jogo, sim. Meu último jogo no Maracanã pelo Vasco tem recordação bem positiva, na final da Copa João Havelange. Uma das coisas que pensei antes de parar era jogar no novo Maracanã (veja no vídeo acima).
Aposentadoria
Não tenho preocupação de encerrar a carreira de forma bonita. Talvez fazendo gol no último jogo e sendo campeão brasileiro. Mas não tenho essa pretensão, pode ser muito difícil, é muito difícil. Não voltei porque quero terminar de uma forma melhor. Eu estava satisfeito com o que produzi nesses 20 anos como profissional. Vai depender do meu rendimento, mas acredito que serão meus últimos cinco meses como jogador profissional.
Discrição
Da última vez também não quis festa, mas foi opção do clube. Pedi muito para que não fosse feito grande coisa, mas foi no mesmo momento da vitória da Copa do Brasil. Acabou que curti muito a festa, que foi muito agradável. Por ter saído em tão pouco tempo, não via motivo agora. O clube está se reestruturando.
Ciúme no elenco
Joguei 50% dos jogos em 2011. Na primeira fase da Libertadores, houve isso com o Cristóvão e, com todo o respeito, foi muito mal levado. Não houve problemas com resultado, houve ciúmes no elenco, o que é muito difícil de analisar, eu entendo, todo mundo tem a sua vida. Nas oitavas e nas quartas, eu participei dos quatro jogos (veja no vídeo ao lado).
Atual elenco
Com todas as mudanças, o início do ano do Vasco foi muito bom, chegou à final da Taça Guanabara com muito mérito, depois acabou sofrendo um pouco. Sempre que existe uma mudança precisa de tempo. Mais uma mudança agora, com a chegada do Dorival. Hoje é um grupo mais jovem, com menos experiência, mas com talento. Se a gente puder ter bons resultados nesses dois clássicos de agora, facilita muito.
Período nos EUA
Nunca perdi a alegria, tenho prazer em jogar e treinar. Lógico que joguei 13 jogos, não fiz gol lá nos Estados Unidos. Foi algo novo para mim, meu rendimento não foi o que eu imaginava. Aqui não tem readaptação, aqui estou em casa. Se começar a jogar logo e bem, se emendar uma sequência de jogos, vai ser mais fácil.