Evento foi a primeira plenária na capital paulista e celebrou as 760 mil assinaturas. Coleta deve continuar até o registro do partido.
Durante encontro de mobilizadores da Rede Sustentabilidade em São Paulo, a ex-senadora Marina Silva destacou o papel pioneiro da #rede para a criação de uma nova política para o país e reafirmou o papel aglutinador do novo partido em prol de objetivos comuns. “Nós conquistamos a democracia e agora temos que democratizá-la. A nova realidade que se descortina no mundo pede isso”, disse a ex-senadora, relembrando as manifestações que tomaram conta do país no mês passado.
Para Marina, a criação da #rede entre os meses de janeiro e fevereiro deste ano, antecipando o conteúdo das manifestações que se espalharam pelo país, mostra a força do novo partido junto aos anseios da população. “Um aspecto que nos une é criação de um novo modelo, de um desenvolvimento sustentável, de justiça, ética, justiça social”. Apesar disso, para a ex-senadora, “A #rede não pode ter a ansiedade tóxica de representar esses novos movimentos”. Pelo contrário, para ela, “nos sentimos representados”.
Bazileu Alves Margarido, um dos coordenadores da #rede, também comentou em sua fala a maneira como, desde sua criação, a #rede já antecipava o conteúdo das manifestações, citando trechos do programa da rede. “Em fevereiro começamos a falar da insatisfação da sociedade com a representação política, falamos da necessidade de governabilidade que acaba engessando os estados, que não conseguem dar respostas”, disse.
Marina, em seu discurso, complementou: “Ainda bem que a gente começou a fazer a Rede em fevereiro de 2013. Se fôssemos fazer isso agora, depois que os movimentos já eclodiram, sabe o que seríamos, mesmo sem ser? Oportunistas. Iam dizer, ‘agora é fácil fazer partido com nome de rede, vir com esse papo de multicêntrico, para tentar capitalizar em cima do movimento”.
O modelo político vigente também foi alvo de críticas de Marina. Durante sua fala a cerca de 200 mobilizadores presentes ao encontro, ela salientou a necessidade de mudança. “O Brasil veio para a rua para assumir uma posição. Não precisamos de uma política do quanto pior, melhor. Queremos que as conquistas econômicas e sociais sejam mantidas. Porque é muito fácil fazer política em terra arrasada”, disse a ex-senadora, que também defendeu a continuidade do mandato da presidente Dilma Rousseff, fazendo uma ressalva. “Dilma precisa ter a chance de terminar seu mandato e deixar sua marca, porque esse governo ainda não deixou”, observou.
Marina também destacou a necessidade de dar voz a um mundo onde a diversidade é a palavra de ordem. “O mundo e a realidade são diversos, diversificados. E quando se pensa em discutir política, isso é mais evidente. Mas escolhemos princípios que nos unem, como a democracia”, defendeu.
Registro do partido
Com 761 mil assinaturas de apoio coletadas e próxima de alcançar no número de assinaturas válidas necessárias para o registro do partido, a #rede também se volta para a organização em nível nacional. “O processo tem requisitos legais, como a apresentação das 491 mil assinaturas de apoio, que devem alcançar um número mínimo em nove estados diferentes. E também temos que apresentar em nove estados a constituição dos diretórios estaduais”, explicou Bazileu, chamando atenção para o fato de que a organização dos diretórios, num primeiro momento, prioriza esses estados. “Mas vamos avançar também na organização dos outros estados”, disse.
Segundo ele, o processo é um pouco mais complicado por conta da maneira como a organização será feita. “Queremos criar um partido sem dono. Todos sabem que nossa missão é dialogar com um arco amplo, porque a diversidade é um dos valores mais importantes para a #rede”, explicou.
A questão da organização do partido também foi abordada pela ex-senadora Marina Silva. “Não teremos diretórios estaduais, mas colegiados, com representantes que poderão ser substituídos de tempos em tempos.”
Mobilizadores
“Conseguimos coletar 760 mil assinaturas em menos de seis meses. E muita gente achava que isso não era possível, mas estamos aqui mostrando que sim. Desde a criação da #rede tivemos uma demonstração de que tudo é possível”, disse Marina, agradecendo o trabalho dos mobilizadores e destacando a maneira horizontal como o processo se desenrolou desde o início, com base em um ativismo autoral, onde cada pessoa é agente do processo em andamento.
O evento reuniu cerca de 200 mobilizadores da rede, que também puderam dividir as dificuldades na coleta de assinaturas, como Genny, uma das homenageadas no evento e que, sozinha, conseguiu recolher 8500 assinaturas. “No começo eu tinha vergonha, era difícil ir pra rua. Mas depois fui ficando mais confiante”, disse, emocionada.