Cerca de oito horas após matar a esposa, a bancária Thalita Juliane Peixoto Paiva, a marteladas, o analista de sistemas Mário Henrique Rodrigues Lopes entrou num táxi na Rua Barata Ribeiro, em Copacabana
Cerca de oito horas após matar a esposa, a bancária Thalita Juliane Peixoto Paiva, a marteladas, o analista de sistemas Mário Henrique Rodrigues Lopes entrou num táxi na Rua Barata Ribeiro, em Copacabana. Sujo de areia, com o casaco e os tênis nas mãos, aparentava estar drogado.
– Acho que estava na praia. Assim que ele entrou no carro, notei que parecia ter usado drogas – relembra o taxista, que prefere não se identificar.
Mario Henrique não falava nada. Quando o motorista perguntava para onde ele gostaria de ir, apenas indicava, com gestos, para que seguisse em frente. Em determinado momento, o taxista resolveu perguntar para onde, afinal, o passageiro ia. Mario pediu que o motorista pegasse o Rebouças. "Estou com pressa", acrescentou.
– Parei o carro e disse que não levaria ele mais. Aí, ele tentou me dar uma gravata, e disse que se eu fosse com ele, estaria a salvo. Desci do carro e chamei a polícia – relata.
Mario Henrique foi capturado por PMs do 19º BPM (Copacabana). No táxi, largou para trás o casaco e os tênis. Foi preso todo sujo de areia. Depois de saber quem era o passageiro, o taxista fez questão de jogar tudo fora.
– Fiquei muito assustado – relembra.
Surto
De acordo com o Hospital Municipal Lourenço Jorge, onde o analista de sistemas permanece internado sob custódia, ele teve um surto psicótico. O acusado deve ser transferido para um manicômio judiciário. A defesa de Mário tenta provar que ele tem problemas mentais e não tinha condições de responder pelos seus atos. Caso seja comprovado que o réu tem transtornos psiquiátricos, ele não será julgado pela morte da esposa, e ficará no manicômio, só sendo liberado se apresentar melhora em seu quadro. Até que isso aconteça, Mário Henrique fica preso. Se a defesa não comprovar o problema, o acusado vai a julgamento pelo crime.
Crime bárbaro em Vila Isabel
A bancária Thalita Juliane Peixoto Paiva, de 24 anos, foi encontrada morta a marteladas, na manhã do último dia 25, no apartamento onde morava com o marido, na Rua Souza Franco, em Vila Isabel, Zona Norte do Rio.Vizinhos do casal ouviram gritos da jovem, durante a madrugada, pedindo socorro. Assustados, eles chamaram a polícia. PMs do 6º BPM (Tijuca) estiveram no prédio e bateram na porta do apartamento do casal, mas ninguém atendeu. Pela manhã, a porta da cozinha do imóvel estava aberta, e a polícia foi novamente chamada.
Ao entrarem no local, os policiais encontraram Thalita morta a marteladas. Mário Henrique foi visto por uma vizinha saindo do prédio a pé, após a ida da PM ao edifício. Ele tornou-se o principal suspeito do crime. Mário e Thalita estava casados há menos de um mês.
Histórico de ciúmes
Amigos do casal relataram que Mario já havia dado demonstrações de seu ciúme excessivo. Em outubro do ano passado, Thalita apenas dançou com as amigas numa festa, perto do marido. Foi o suficiente para despertar uma reação explosiva. Em meio a uma discussão, o analista de sistemas arrancou as roupas do corpo da mulher e atirou o que tinha no armário no chão. De acordo com relatório da Divisão de Homicídios (DH), no dia do crime, havia “sinais de luta corporal e objetos quebrados” no apartamento do casal. Mário foi denunciado por homicídio triplamente qualificado (por motivo torpe, meio cruel e com recurso que dificulte ou impossibilite a defesa da vítima) e resistência. Na denúncia, promotor Marcos Kac é categórico: "O homicídio foi cometido foi cometido por motivo fútil, ou seja, ciúmes do acusado em relação à vítima fatal".