Foi o primeiro clássico de Mano Menezes pelo Flamengo. Foi a reestreia de Dorival Junior no Vasco, e justamente contra a equipe rubro-negra, última que dirigiu. Foi longe do Rio, mas num palco cujo nome remete logo ao futebol carioca: no Mané Garrincha, em Brasília. Foi um Vasco x Flamengo entupido de gente empolgada – 61.767 mil pessoas. Mas foi um Vasco x Flamengo com mais correria do que inspiração. E, numa das poucas jogadas bem-feitas na partida, Paulinho, destaque rubro-negro, fez o gol da vitória que tirou a equipe do Z-4 e pôs o rival na zona de rebaixamento – coisa que não acontecia com os cruz-maltinos desde 2010Foi o primeiro gol de Paulinho no Flamengo. Justamente o atacante que Dorival Junior não dirigiu – chegou ao Flamengo quando Jorginho era o treinador. O jogador, ao lado de Elias, mais eficiente da equipe que, se ainda está longe de empolgar e deixar os rubro-negros aliviados, ao menos mostrou um pouco mais de organização tática. E foi essa arrumação determinante para a vitória.
A torcida rubro-negra bem que tentou transformar o Mané Garrincha no Maracanã. Cantou de "Levantou poeira" a "Sai do Chão, a torcida é do Mengão". O lado vascaíno respondeu ao som de "Uh, pula ae, deixa o caldeirão ferver". Mas o clássico deixou visível que tanto Vasco como Flamengo precisam se reforçar e se organizar muito para não passarem sufoco. Com o resultado, os rubro-negros chegaram a nove pontos ganhos e subiram para o 11º lugar na tabela. Saíram da zona de rebaixamento. Os cruz-maltinos caíram para a 17ª posição e entraram na área de desconforto. Na oitava rodada, os vascaínos farão o duelo com o Fluminense, no próximo domingo, no retorno ao Maracanã. O Fla vai a Caxias do Sul para, no mesmo dia, enfrentar o Internacional. O atacante Paulinho não escondia a felicidade por marcar o gol da vitória, primeiro com a camisa rubro-negra.
– Esse gol é inesquecível, num clássico, contra o maior rival do Flamengo. Vai ficar guardado. Treinamos bastante, sabia das dificuldades, fomos bastante dedicados. Esta aí a vitória.
Camisa 10 vascaíno, Pedro Ken não escondeu que a esperança para a equipe melhorar no Brasileiro é a volta de Juninho Pernambucano, para quem cedeu a camisa 8. Dorival Junior bem que tentou, na partida, arrumar um homem de criação, ao lançar Dakson no segundo tempo, e o time até melhorou. Mas o time teve muita dificuldade de sair com a bola da defesa.
– Tentamos muitos lançamentos, em vez de trabalhar um pouco mais as jogadas. Eles conseguiram ter a bola. Quando a tivemos, chutávamos, e a bola voltava para eles. É importante ter o Juninho no elenco, é uma referência, vai nos ajudar, precisamos muito dele – afirmou Pedro Ken.
Fla superior
Vascaínos e rubro-negros que foram ao Mané Garrincha – a torcida do Fla era maioria, principalmente no setor inferior do estádio – não demoraram muito a ver o ponto negativo em comum das duas equipes. Tanto Dorival Junior quanto Mano Menezes terão muito trabalho pela frente para acertar a saída de bola. Como a marcação era forte dos dois lados, a solução era chutão para a frente, o que dificultou um pouco a organização das jogadas. Com meio-campo mais ligado, o Flamengo levou vantagem.
Com fôlego e disposição, Elias vencia o duelo pela posse de bola. Gabriel se deslocava bem pelos lados. Até Carlos Eduardo, geralmente sumido, parecia querer estrear. Foi dele o primeiro chute com perigo, com cinco minutos. Matou e bateu de canhota, para fora. O Vasco bem que tentava dar o contragolpe. Mas Pedro Ken e Alisson, bem marcados e sem poder de criação, não conseguiam municiar Eder Luis. E André ficava muito isolado.
O Flamengo era mais veloz. Carlos Eduardo, novamente, arriscou chute da entrada da área para boa defesa de Diogo Silva, que apareceu depois em saída quando Marcelo Moreno tinha tudo para abrir o placar. Mas, com mais posse de bola, o gol rubro-negro sairia em questão de tempo. Foi quando, aos 29, o zagueiro Wallace surpreendeu em arrancada pela direita. Tocou para Gabriel e recebeu na frente. Deixou Elias em boa condição. No rebote do goleiro, o camisa 8 do Fla rolou para Paulinho bater de direita. Era o primeiro gol da partida e do camisa 26 no clube.
Dorival mexe no Vasco
O Vasco deixou o primeiro tempo sem criar uma chance na partida. Dorival Junior viu que era preciso ter um jogador com mais poder de criação. Lançou Dakson no lugar de Felipe Bastos e Edmilson no de Alisson. O time começou a segunda etapa mais ofensivo. E foi justamente Dakson que mandou a primeira bola ao gol rubro-negro, de fora da área. Mas em cima de Felipe.
A partida, a essa altura, já perdera o vigor e a velocidade dos primeiros 45 minutos. A marcação não era mais a mesma. O Flamengo ao menos era mais organizado e rolava melhor a bola. Paulinho, novamente ele, fez boa jogada e arriscou belo chute colocado, de fora da área. Logo depois, Dorival Junior resolveu fazer a terceira mexida: sacou André para a entrada de Tenório. Queria o ataque mais agressivo.
Mano Menezes percebeu que Carlos Eduardo, com seu melhor desempenho desde a chegada ao Flamengo – saiu até aplaudido -, cansou. E o trocou por Nixon, nome da vitória sobre o ASA, pela Copa do Brasil. O Vasco dava mais trabalho à zaga rubro-negra. Tenório e Edmilson incomodavam. Gabriel, machucado no ombro, deu lugar a Val no Fla. O time recuou. Os cruz-maltinos pressionaram no fim. Com Nei apoiando mais o ataque, as jogadas pela direita começaram a funcionar. Tenorio bateu prensado, com perigo. Não houve mais chances. Já faltava fôlego. Não para a torcida rubro-negra, que comemorava a plenos pulmões a vitória sobre o grande rival.